O preço do gás natural canalizado para indústrias, comércios e para o abastecimento de veículos na Grande São Paulo terá redução de 6,43%. Foi o que determinou ontem a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo).
A diminuição no valor da tarifa está valendo desde ontem e ocorre, dentre outros fatores, devido à variação cambial. Isso porque o dólar vem queda em relação ao real e o gás da Comgás é, em grande parte, proveniente da Bolívia (que estabelece o preço de comercialização em dólar para o Brasil).
A Arsesp comunicou que essas tarifas, normalmente são reajustadas anualmente em maio, levando-se em conta os valores da margem de lucro da distribuição e a atualização do preço do gás boliviano e do transporte daquele país.
No entanto, em função do efeito cambial, a agência do governo estadual decidiu excluir da tarifa praticada a parcela de recuperação relacionada ao custo do insumo e o relacionado a trazê-lo.
Os impactos para os usuários do gás variam de acordo os segmentos e os volumes consumidos. Na área industrial, a redução vai de 3,87% (faixa de 50 mil m³ por mês) a 5,59% (em torno de 1 milhão m³ por mês). No comércio, fica em 2,04% (para 200 m³ mensais) e 2,33% (para faixa de 1.000 m³ por mês). No caso do GNV (gás natural veicular), está em 6,43%. Neste último caso, a diminuição é para os postos e cabem as estes definir o valor do repasse ao consumidores finais. Para residências, a tarifa não sofreu alteração.
INSUFICIENTE - Para representantes da indústria e de revendas de postos de combustíveis, a diminuição de preço é pequena e insuficiente para estimular uma retomada da demanda pelo insumo. De acordo com dados da Abegás (Associação Brasileiras das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado), o consumo caiu, em todo do País, 25,76% em outubro frente a igual período do ano passado.
Um dos problemas é o preço do gás. Levantamento da Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia) aponta que essa matéria-prima vendida no Brasil pelas concessionárias para o setor industrial é das mais caras do mundo.
Constantes elevações nos últimos anos levaram empresários do Grande ABC a buscarem alternativas. Foi o caso da fabricante de peças plásticas Resiplastic, de Mauá, que recentemente optou pelo GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). "Na nossa faixa de consumo (90 mil m³ por mês), a diferença (de preços) do GLP para o gás chega a 15%", afirmou o diretor da empresa José Jaime Salgueiro.
Por sua vez, a queda na demanda desestimulou muitos proprietários de postos de combustíveis a continuarem com as bombas de GNV, segundo o Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABC). "O mercado caiu muito, 80% (dos que tinham o kit gás nos carros) voltaram para o flex ou para a gasolina", estimou o presidente do sindicato, José Antonio Gonzalez Garcia.
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