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Distração eletrônica ameaça produtividade

Maioria das interrupções em empresas usuárias de TI envolve acesso a redes sociais

Cláudio Conz
09/06/2011 | 00:00
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Você já teve a impressão de que seu funcionário minimizou a janela do computador quando você apareceu? Quem nunca teve esta sensação (que não é bem uma impressão), que atire a primeira pedra. Pois é, dados estatísticos provam o que eu já suspeitava: a tecnologia da informação pode ser um vilão quando o assunto são as distrações no ambiente de trabalho.

Em março passado, um provedor de internet chamado Harmon.ie encomendou pesquisa realizada com 515 pessoas usuárias de tecnologia da informação, que trabalham em multinacionais norte-americanas. O objetivo da pesquisa era compreender melhor o impacto das distrações eletrônicas no ambiente de trabalho.

De acordo com o estudo, 57% das interrupções envolvem o uso de ferramentas de redes sociais (em especial Facebook), e-mails, mensagens de texto, programas de mensagens instantâneas ou pesquisas na internet. Os restantes 43% das distrações acontecem por conta de telefonemas, conversas com colegas e reuniões.

Segundo a pesquisa, 45% dos entrevistados mantêm pelo menos seis itens abertos simultaneamente no desktop, 65% disseram usar entre um e três outros dispositivos, além de seu computador principal, incluindo celulares.

Quanto mais jovens, mais coisas conectadas ao mesmo tempo, como mostram os dados: 54% das pessoas com idades entre 20 e 29 anos mantêm seis ou mais janelas abertas ao mesmo tempo, enquanto 46% mantêm de uma a cinco janelas abertas; apenas 28% das pessoas com idade superior a 50 anos mantêm seis ou mais janelas abertas, enquanto 72% mantêm de um a cinco janelas. Este é o perfil da geração Y, cada vez mais ligada aos meios de comunicação, e fazendo muitas coisas simultaneamente.

PREJUÍZOS

Segundo 45% das pessoas entrevistadas, é possível trabalhar apenas 15 minutos sem serem interrompidas. Elas também contaram que perdem pelo menos uma hora do seu tempo de trabalho diariamente distraídas. Quanto custa esta distração para a empresa?

Vamos calcular que uma hora de um funcionário custe em média aproximadamente R$ 10. Uma pessoa trabalha em média 200 dias por ano. Se ela perder uma hora por dia, receberá da empresa R$ 2.000 ao ano por horas que não trabalhou. Multiplique isso por 1.000 funcionários. São R$ 2 milhões de prejuízo anuais à empresa. E o custo da distração é ainda maior quando mencionamos o impacto sobre a produção e sobre a qualidade do trabalho.

A pesquisa também revelou que o vício em internet é generalizado no ambiente de trabalho. Duas em cada três pessoas preferem se comunicar digitalmente, a ter reunião face a face. A maioria das pessoas abaixo dos 40 anos permanece conectada na cama antes de dormir e 44% das pessoas com menos de 30 anos permanecem conectadas durante uma ida ao cinema, por exemplo. Sessenta e oito porcento dos entrevistados apontaram ainda que as empresas onde trabalham dispõem de estratégias para diminuir as distrações on-line, como bloquear acesso a determinados sites, promover treinamentos, entre outras ações.

OVERDOSE DE INFORMAÇÃO E AMIGOS

Vivemos em um mundo em que somos bombardeados por informações de todos os lados. É impossível dar conta de tudo que acontece ao nosso redor, ainda mais com tantas redes sociais e ferramentas digitais à nossa disposição.

Uma outra pesquisa, desta vez da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, revelou que, apesar dos milhares de amigos que você pode ter na internet, você só consegue dar conta de uma parte deles: 150 pessoas. A equipe elaborou um trabalho com 3 milhões de usuários do Twitter ao longo de quatro anos, analisando 380 milhões de tuite. Os cientistas descobriram que, quando as pessoas entram no Twitter, forçam o aumento da rede social ao falar com quem normalmente não falariam. Com o tempo, a rede diminui e ficam apenas os amigos mais próximos.

Este número é o mesmo ao qual o antropólogo britânico Robin Dunbar chegou na década de 1990, cruzando dados de uma pesquisa sobre os contatos sociais dos primatas com as amizades dos seres humanos. Segundo ele, o número de pessoas com as quais nos relacionamos pode estar ligado ao volume do nosso cérebro, que só consegue lidar com uma determinada quantia de responsabilidade afetiva.

Redes sociais e internet em exagero podem ser nocivos tanto à produtividade no trabalho, como fazer com que você não dê conta de sua vida pessoal. Tente buscar o equilíbrio para produzir mais e também ser mais feliz.




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