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Regulamentação e qualificação do setor

A importância de preparar os profissionais que atuam na construção civil

Por Cláudio Conz
02/02/2012 | 00:00
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Na segunda-feira, a Avenida Treze de Maio, no centro do Rio de Janeiro, foi liberada após o desabamento trágico de três prédios na semana passada. De acordo com a prefeitura, os três imóveis que desabaram estavam em situação regular e possuíam Habite-se (ato administrativo que autoriza o início da utilização efetiva de construções ou edificações destinadas à habitação). As construções, datadas de 1938 e 1940, podem ter desabado por conta de reformas indevidas. As causas da tragédia ainda estão sendo apuradas e é possível que problemas de estrutura tenham causado o desabamento. O fato é que o ocorrido ocasionou uma série de debates sobre a importância de se ter profissionais qualificados na hora de se fazer uma reforma, para que vigas importantes e a estrutura dos imóveis não sejam ameaçadas.

Na semana retrasada, vimos que profissões como a de cabeleireiro, manicure, barbeiro, esteticista, pedicure, depilador e maquiador foram finalmente regulamentadas. A maioria desses profissionais trabalha como autônomo e para que consigam se aposentar, precisam contribuir para a Previdência Social de forma individual. Assim, esses profissionais ganham força para serem contratados com carteira assinada. Esse processo pode tirar muitos desses trabalhadores da informalidade e garantir mais segurança para patrões e empregados.

Aproveitando estes dois acontecimentos em pauta em nossa agenda pública, saliento que profissões da construção civil também deveriam ser regulamentadas, para trazer mais segurança para as pessoas. No caso dos eletricistas, por exemplo, temos visto acidentes de trabalho fatais, com risco para os profissionais e para a população. Chega a ser incalculável o número de encanadores, eletricistas, pedreiros, enfim, de profissionais que, sem qualquer tipo de treinamento ou especialização, se aventuram a fazer um serviço que, muitas vezes, acaba em tragédia. Este é um tema que temos trabalhado dentro do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) da Presidência da República, órgão do qual participo.

A regulamentação dessas profissões é muito importante para o desenvolvimento da construção civil. Com as grandes obras envolvendo a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, isso se torna ainda mais necessário. Ela atuaria em direção à sustentabilidade, já que um eletricista formado por tentativa e erro na casa do consumidor, como acontece agora, não trabalha a favor do uso racional de energia, favorecendo o desperdício. No caso do encanador, que em muitos lugares também são chamados de bombeiros hidráulicos, com treinamento passam a trabalhar a favor do uso racional de água.

Infelizmente, não existe ainda uma política nacional consistente de profissionalização da mão de obra. O número de profissionais atuando no País é desconhecido, assim como o nível de qualificação. Essa demanda acaba sendo suprida em parte pelos esforços das entidades setoriais, das indústrias e mesmo do Senai. É aquela velha história: de um lado, profissionais sem capacitação que oferecem serviços mais baratos e, de outro, consumidores que contratam profissionais incapacitados para reduzir custos e acabam gastando mais, pois raramente o profissional não qualificado soluciona o problema logo na primeira tentativa.

Nesse contexto, surgem os cursos e treinamentos da Loja Escola da Construção da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) - entidade que presido. A capacitação profissional é uma das bandeiras que levantamos para a melhoria do atendimento ao cliente, a redução de custos, a diminuição do número de acidentes de trabalho e o desenvolvimento do setor de material de construção. Grande tem sido nosso esforço no sentido de preparar os profissionais da construção. Para se ter uma ideia o treinamento que promovemos para eletricistas, em parceria com a SIL e a AES Eletropaulo certificou mais de 11 mil profissionais. Nosso intuito é ampliar esse processo e colaborar, de forma decisiva, para minimizar os acidentes. Oura iniciativa que vem ao encontro dessa proposta foi a criação do IBSTH (Instituto Brasileiro de Serviços e Terceirização na Construção e na Habitação), para oferecer ao consumidor final o profissional ‘top em serviços' e capacitar eletricistas, encanadores, assentadores, entre outros trabalhadores.

Tudo isso é muito importante para construirmos um Brasil seguro, sem acidentes, além de gerar mais renda para as famílias.




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