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Economia e solidariedade

A OAF e outras entidades do setor buscam propor ações que possibilitem achar caminho para melhorar a situação das pessoas que moram na rua

Cláudio Conz
19/07/2012 | 00:00
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Na semana passada, assisti a reportagem sobre casas temporárias para moradores de rua, tema muito importante para falarmos, já que, com o inverno, a situação destas pessoas se torna ainda mais grave. Assim, aproveito para comentar este trabalho que estamos desenvolvendo na frente da OAF (Organização de Auxílio Fraterno), entidade que presido e que presta substancial serviço em relação aos moradores de rua de São Paulo, desde 1955.

A OAF e outras entidades do setor buscam propor ações que possibilitem achar caminho para melhorar a situação das pessoas que moram na rua, subsidiando e construindo políticas públicas para propiciar reinserção destes indivíduos na comunidade. Hoje, no Brasil, cerca de 48 mil pessoas estão morando nas ruas. Apenas em São Paulo, 14 mil adultos e idosos perambulam sem teto e vemos poucas ações articuladas para solucionar tal problema. Segundo pesquisa da Fipe, 70% da população de rua de São Paulo encontram-se no auge de sua capacidade produtiva. Estas pessoas precisam de oportunidade e de trabalho.

A criação de lares temporários é a iniciativa que pode tirar das ruas pessoas que não têm um teto para morar. Em São Paulo, existem 13 casas deste tipo. Vivendo nestes locais, ex-moradores de rua podem trabalhar e ao mesmo tempo conquistar oportunidade para recomeçar.

Os moradores dividem a casa e pagam aluguel simbólico durante um ano e meio, tempo para arranjar emprego, juntar algum dinheirinho e conseguir um local próprio para morar. O projeto existe desde 1982 no bairro da Liberdade. Para conseguir uma vaga, é preciso estar empregado, uma forma de refazer a vida por meio do desenvolvimento social.

É preciso entender como estes indivíduos moradores de rua pensam. A maioria deles já perdeu todos os laços na comunidade, com parentes e amigos, muitas vezes já se tornaram dependentes químicos e não conseguem encontrar vínculos afetivos. Passaram por uma série de perdas, desemprego, esqueceram sua identidade, tornaram-se anônimos e solitários.

Neste momento, estamos trabalhando fortemente em projeto que destaca a necessidade de uma política pública de saúde para eles, uma vez que, em grande parte, é a ação do Estado que se faz necessária para apoiar as Ongs em casos de alcoolismo, drogas e distúrbios mentais. É importante tomarmos consciência de que este é um problema de todos e apenas uma ação conjunta e sistêmica entre sociedade e poder público poderá minimizá-lo.




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