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Defendendo o indefensável

Pense bem: se todos os políticos a defendem (só ficam contra quando estão na oposição, mas quando chegam

Por Carlos Brickmann
23/02/2011 | 00:00
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Pense bem: se todos os políticos a defendem (só ficam contra quando estão na oposição, mas quando chegam ao bem-bom sempre estão a favor), não pode ser coisa boa. Mas, no entanto, este colunista gostaria de defender a CPMF (que, em sua nova versão, deve chamar-se Contribuição Social para a Saúde, CSS).

Quando o Bóris Casoy dirigia a Folha, comprou um desses shakes para emagrecer, e prometeu emagrecer rapidamente. Não deu certo: em vez de tomar o shake no lugar do jantar, ele o usava como parte da sobremesa. Engordou.

Com a CPMF aconteceu algo semelhante: foi proposta pelo professor Marcos Cintra como imposto único, para eliminar toda essa tranqueira tributária que atrapalha a vida do País. Mais tarde, um estudo no Congresso propôs que não fosse exatamente única: seria o imposto com funções de arrecadação, acompanhado por impostos seletivos - como um sobre substâncias nocivas, tipo cigarro, outro a ser usado de vez em quando para conter a demanda de algum produto, e assim por diante. Teríamos uns cinco impostos, no total. E a excelente burocracia profissional da Receita, uma equipe altamente qualificada, ficaria livre para reforçar com sua competência outros setores do governo necessitados de gente boa.

Aí transformaram a coisa em mais um imposto - e, como o shake emagrecedor do Boris, não podia dar certo. Mas um imposto único, com alíquota a ser calculada, poderia suprir todas as necessidades até mesmo de um Estado inchado como o nosso. Que venha a CPMF, pois. Mas para valer: como Imposto Único.

SOPA DE LETRINHAS

O Congresso está louco para aprovar a CPMF, com o nome de CSS. Um governador tucano, Alberto Anastasia, ligadíssimo ao líder oposicionista Aécio Neves, lidera o movimento pró-CPMF entre os governadores. Como no caso do Pedro Sujo da piada clássica, que quis trocar o nome para João Sujo, muda o nome e a coisa se mantém. Para bom entendedor, trocar uma vogal basta.

DÚVIDA PERTINENTE

Haverá algum desses cruéis ditadores do Oriente Médio, que tentam sufocar com sangue as revoltas contra eles, que não tenha sido elogiado publicamente por Lula, com palavras como "irmão", "mestre", "amigo"? Se houver algum, informe a esta coluna e receba um YouTube com Suplicy cantando Bob Dylan.

AQUI, NÃO

Por falar em rebeliões no Oriente Médio, há muitas manifestações nos jornais e na internet criticando o povo brasileiro por não fazer o mesmo que os egípcios, tunisianos e argelinos. Acontece que lá eles se revoltam por não ter alternativa. Aqui a alternativa é o voto. Quem estiver satisfeito com o governo vota a favor, quem estiver insatisfeito com o governo vota contra. Fora disso é golpe.

IDEIAS VELHAS

E aí vem o secretário tucano da Energia, José Aníbal, propondo que as empresas passem a usar geradores em vez das redes de energia. A explicação (!) é que já há geradores a álcool. A explicação é pior que a ideia original, já muito ruim: quer dizer que as empresas, que já têm caríssimos geradores a óleo, devem gastar sua verba de investimentos não em produção, não em criação de empregos, mas em substituição de geradores, para cobrir as falhas do poder público? É como dizer que a poluição acaba se todos usarem carros elétricos, e que já existem carros elétricos. Existem, sim - mas cadê eles? É como dizer que José Aníbal é secretário da Energia. É, mas cadê ele? Cadê o governador Alckmin, que ficou quieto?

ECONOMIZAR GASTANDO

Não faz muitos dias a presidente Dilma Rousseff determinou R$ 50 bilhões de corte no Orçamento de 2011. Agora a presidente anuncia a criação de mais um ministério: o das Micro e Pequenas Empresas (é o 38º). Mais gastos com ministro, assessores, secretárias, carros, motoristas, diárias, papelaria, aluguel de prédios em Brasília e fora dela, aquelas placas de latão, empresas terceirizadas de limpeza e segurança, computadores, telefones, celulares, cartões corporativos, passagens aéreas. Como se gasta para fazer economia! E para que? Para nada.




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