No mundo corporativo, sejam nos grandes, médios ou pequenos negócios, sempre encontramos interesses distintos
No mundo corporativo, sejam nos grandes, médios ou pequenos negócios, sempre encontramos interesses distintos. De um lado, estão os empresários, sempre buscando rentabilidade; de outro, os funcionários, exigindo condições de trabalho e desenvolvimento justas e individualizadas. Quem pensa que esses interesses têm de ser divergentes, é porque não conhece o papel de recursos humanos dentro de uma empresa. O RH é o fiel da balança, buscando sempre ponderar com equilíbrio as relações entre capital e trabalho.
Hoje em dia, o RH não apenas administra a legislação e garante o cumprimento da CLT, mas também entende o negócio, antecipa as demandas, sugerindo estruturas mais eficientes e as melhores pessoas. Este setor aconselha o acionista no melhor aproveitamento do investimento na empresa, lembrando à organização sobre quais são as leis que regulamentam essa relação e de como critérios justos e a preocupação genuína com o funcionário geram incremento de receita.
O RH prepara o funcionário capacitando-o, formando-o e desenvolvendo-o. Seu dever é fazer a integração do trabalhador em seu primeiro dia e acompanhar suas movimentações para prover todo tipo de informação em sua trajetória na empresa. Isso se dá em três fases principais: seleção, promoções e desligamento da empresa, justamente os pontos de maior insegurança do funcionário, quando este precisa de mais apoio, pois momentos que fortalecem ou abalam o vínculo deste com a organização.
Por outro lado, os recursos humanos também defendem o patrão, fazendo com que as leis sejam cumpridas, diminuindo passivos trabalhistas e otimizando o que é obtido dos funcionários, por meio da motivação, capacitação e do aumento de sua eficiência.
Em grandes companhias, os mecanismos de RH são maiores, demandam mais especialização e processos claramente definidos. Em empresas médias, temos estruturas mais enxutas, que demandam mais generalização dos profissionais e muito trato no relacionamento interpessoal. Já nas pequenas, é muito comum encontrarmos apenas uma ou duas pessoas. Assim, terceiriza-se parte do trabalho e a pessoa responsável tem de ter um perfil mais realizador, fazer acontecer, propor, acompanhar, mostrar os resultados.
Ao longo de minha trajetória, pude acompanhar um RH muito voltado ao departamento pessoal se transformar, aos poucos, em um RH mais estratégico, mais participativo nas tomadas de decisões. Trabalhei em uma multinacional que vislumbrava apenas resultados a curto prazo, não traçando estratégias sustentáveis. A preocupação com pessoas era contextualizada dentro da esfera legal. Veio, então, um novo presidente que via que não adiantava apenas estabelecermos objetivos imediatos, mas que o que manteria a companhia ao longo do tempo seriam os processos e as pessoas. Implementamos ferramentas como avaliação de desempenho, planejamento de carreira e sucessão e, com isto, a organização conseguiu aproveitar recursos internos, capacitar, desenvolver seus funcionários. O resultado foi a satisfação e o aumento de lucratividade.
Vemos que os recursos humanos têm se moldado e conquistado mais espaço nas últimas décadas. Isto aconteceu porque muitos empresários perceberam que as pessoas são o maior ativo de uma empresa. O RH, que era visto apenas como o "departamento pessoal", hoje é a área de recursos humanos, que pensa e desenvolve estratégias de curto, médio e longo prazos no que tange pessoas, estruturas e cultura. A área tem acompanhado as mudanças tecnológicas e comportamentais, como a popularização da internet, o ciclo de vida dos produtos, o mercado de serviços.
O RH deve ser um gerador de confiança e respeito e entender com clareza o que acionistas e funcionários pensam e, assim, gerar propostas para melhorar o ambiente de trabalho e estabelecer normas e procedimentos que regulamentem tal relação.
Cíntia Bortotto é Consultora de RH e gerente de desenvolvimento organizacional da Bombril - www.cintiabortotto.com.br
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