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Prédios de alto padrão são vulneráveis a roubos
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
20/12/2004 | 09:04
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O despreparo dos funcionários coloca sob risco de assalto os condomínios residenciais de alto padrão do Grande ABC, segundo avaliação de delegados seccionais, profissionais do ramo imobiliário e sindicatos do setor.

Em São Paulo, há uma onda de roubos a prédios de luxo. Em dois meses, quadrilhas especializadas realizaram nove crimes do tipo em condomínios de bairros nobres, como Morumbi, Pinheiros e Jardins, entre outros. No ano todo, foram 30 casos.

Se essa tendência se estender para o Grande ABC, os bandidos encontrarão terreno fértil para seus crimes. Na região, segundo a Acigabc (Associação das Construtoras, Imobiliárias e Administradoras de Condomínios do Grande ABC), existem cerca de 200 condomínios residenciais de luxo, nos quais trabalham aproximadamente 3 mil empregados.

"A maioria das empresas de condomínios na região não prepara adequadamente seus funcionários para lidar com assaltos nem verifica os antecedentes criminais antes da contratação. Em razão dessa febre de assaltos que ocorre em São Paulo, o quadro é preocupante", afirma o presidente da Acigabc, Milton Bigucci.

Na região, foram registrados em delegacias três roubos a condomínios neste ano, o último em Mauá, em julho, e outros dois em março, em São Bernardo. O número mantém a média do ano passado.

"Realmente, existe um comodismo no setor. Muitos síndicos, representantes das administradoras, não exigem dos funcionários, principalmente os porteiros, cursos de segurança. Por causa disso, os trabalhadores também se acomodam e a segurança dos condomínios fica afetada", conta o diretor do Sindicato dos Empregados em Edifícios e Condomínios Residenciais e Comerciais do ABCD, Francisco Assis Quirino.

"Pelo menos por enquanto, a região ainda não foi contaminada com o que vem ocorrendo em São Paulo. No entanto, não podemos descartar a possibilidade e devemos nos preparar para esse novo tipo de crime", afirma o delegado seccional Luiz Alberto de Souza Ferreira, de Santo André, responsável também por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

Devido aos delitos registrados na capital, a Secretaria Estadual da Segurança Pública designou o Deic (Departamento Estadual de Investigações sobre o Crime Organizado) para investigar os casos.

O diretor do órgão, delegado Godofredo Bittencourt Filho, considera que essa onda de crimes se deve à mudança de procedimento dos bandidos. "Houve uma migração dos marginais. Poucos anos atrás, eles se concentravam em assaltos a bancos. Depois, partiram para o seqüestro relâmpago. Agora, é a vez dos condomínios. Na medida em que houve repressão policial a cada crime, ocorreu a migração", disse Bittencourt Filho.

O delegado seccional de São Bernardo, Marco Antônio de Paula Santos, que responde também por São Caetano, acredita que deve ser feito um pacto entre moradores e funcionários para que a segurança do condomínio seja eficiente.

"Em razão dos crimes cometidos em São Paulo, fui convidado a participar de uma reunião, no início de março, com diversos síndicos e outros representantes de condomínios das duas cidades. Dei algumas dicas de segurança e recebi reclamações de funcionários que se diziam obrigados a afrouxar as normas de segurança para agradar a alguns moradores. Isso não pode ocorrer, pois bandidos se aproveitam da situação", contou Santos.

De acordo com o Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis) do Grande ABC, os bairros que concentram a maioria dos prédios de alto padrão na região são os seguintes: Jardim, Vila Bastos e Campestre, em Santo André; Jardim do Mar, Jardim Hollywood e Assunção, em São Bernardo; Jardim São Caetano, Santa Paula, Barcelona e Santo Antônio, em São Caetano.

"Alguns moradores, vítimas de assaltos, decidem não comunicar o fato à polícia para não depreciar o preço do imóvel. Se um condomínio sofre apenas um assalto, isso não interfere muito na comercialização. No entanto, se o crime se tornar comum em algum bairro, o valor cai. Com a onda de assaltos em São Paulo, só vamos ter noção da depreciação de preço de mercado daqui a cerca de um ano, tanto para a compra quanto para locação", disse a delegada regional do Creci Grande ABC, Edeli Maria Azzi Savioli.




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