Só os fãs mais ardorosos realmente ainda tinham esperanças de que os Rolling Stones, já cinquentões, viessem para o Brasil em meados de 1990. Eis que, mesmo depois de confirmada a passagem da turnê "Voodoo Lounge" pelo País, o drama não desapareceu por completo. A oito dias do primeiro show, marcado para 27 de janeiro de 1995, no Morumbi, a organização soltou comunicado alarmante: o estádio apresentava problemas estruturais e seria necessário definir novo local para o verdadeiro espetáculo musical e visual que Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts reservavam para os brasileiros.
Depois de certo suspense, as apresentações foram transferidas para o Pacaembu, com direito a show extra, no dia 30. Foi essa a data escolhida pelo administrador de empresas Paulo Cunha, de Santo André, para assistir ao show. "Era meu aniversário de 35 anos e fui comemorar lá, com um casal de amigos. Ficamos na arquibancada e era possível observar as várias gerações e tribos presentes ali, na maior paz. Foi maravilhoso. E eu estava vendo Mick Jagger e Keith Richards de pertinho", resume ele, que, embora não se considerasse fanático pela banda britânica, saiu do Pacaembu com camiseta e outros suvenires.
O frenesi da presença dos Rolling Stones em terras tupiniquins não diminuiu mesmo para os privilegiados que tinham conferido a performance do quarteto fora daqui. É o caso da publicitária Silmara Pawluzyk, 45 anos, que assistiu a um show no exterior em 1989 e, decidiu reunir amigos para integrar um ônibus que saía de Curitiba em direção a São Paulo para a segunda data, no dia 28.
As pancadas típicas de verão, que tinham desabado no primeiro dia de show, marcaram também a chegada do grupo. "Choveu durante os shows de abertura sem parar, mas, inacreditavelmente, durante o intervalo que antecedeu à entrada dos Stones, a chuva parou e teve até lua", lembra.
A performance dos britânicos - que não se esqueceram dos hits - e a produção gigantesca foram tão impactantes como da primeira vez. "Inesquecível o cenário para a música Sympathy for the Devil, parecia uma filial do inferno", descreve a publicitária, que, de volta a Curitiba, decidiu acompanhar a turnê no Rio, uma semana depois. O saldo da história foram joelhos inchados de tanto pular, gastos com passagem aérea e uma noite de sono nos bancos do aeroporto, além de uma paixão ainda mais arrebatadora pelo quarteto.
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