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Inflação diminui poder de compra
do dinheiro depositado no FGTS
Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
15/12/2010 | 07:30
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A inflação deste ano além de pesar no bolso do trabalhador, prejudicou os brasileiros em outra ponta. O aumento dos preços comeu cerca de 33,7% do poder de compra do rendimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos celetistas do Grande ABC.

O fundo apresentou o pior retorno sobre o capital dos trabalhadores dos últimos 43 anos de sua existência. O percentual foi positivo em 3,61% no acumulado do ano até sexta-feira, conforme levantamento do Instituto FGTS Fácil. Na ponta do lápis, a cada R$ 1.000, o retorno no ano foi de R$ 36,1.

Enquanto isso, o IPC-USCS/ABC (Índice de Preços ao Consumidor da Região da Universidade Municipal de São Caetano) cresceu, entre janeiro e novembro, 5,45%. Então um produto que custava R$ 1.000, no primeiro dia do ano, valia R$ 1.054,5 na sexta-feira.

"No fim das contas o dinheiro do trabalhador depositado no FGTS está perdendo seu poder de compra", afirmou o especialista em finanças pessoais André Massaro. "E o pior é que, neste caso, dificilmente ele terá oportunidade de fazer algo para melhorar a situação", completou.

O presidente do Instituto FGTS Fácil, Mário Avelino, explicou que o rendimento do fundo é estipulado por lei. "Mas o governo aplica redutores e a rentabilidade para o dinheiro do trabalhador não passar dos 3% mais a taxa referencial, que está muito baixa", disse.

"E o trabalhador é o único prejudicado com isso. Mas as pessoas não correm atrás porque não veem este dinheiro. É uma poupança compulsória, feita automaticamente pela empresa. E os funcionários não têm o costume de gerir essa reserva", avaliou Avelino.

A melhor solução para garantir maior retorno do dinheiro que vai ao FGTS seria sacá-lo e aplicar em outra modalidade de investimento. Até a aplicação na caderneta de poupança seria melhor opção. Mas o problema está nas situações em que o trabalhador tem acesso à essa poupança.

Os meios para retirar o dinheiro do fundo são quando o funcionário for demitido sem justa causa ou quando se aposentar. Pessoas portadoras do HIV e de câncer também têm acesso ao saque, e poderiam transportar seus recursos para outro investimentos. Por fim, quem foi demitido e está sem registro na carteira de trabalho há três anos e ainda não usou o fundo, poderia fazer a mudança para ter mais lucro.

Massaro disse que o baixo rendimento é passível de discussão na Justiça. "Mas seria interessante se o trabalhador participasse de ação coletiva, na qual entraria sem gastar dinheiro. Porém, se não for o caso, seria muito trabalhoso e custoso", acrescentou.




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