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Postes no caminho

A popularidade do presidente Lula era tão alta que também elegeria um poste

Carlos Brickmann
08/10/2008 | 00:00
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Diziam que a popularidade do governador mineiro Aécio Neves e do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, mais a aliança imbatível entre os tradicionais adversários PSDB e PT elegeriam até um poste. O poste era Márcio Lacerda, novo no ramo de eleições. Mas não ganhou: ficou para segundo turno.

A popularidade do presidente Lula era tão alta que também elegeria um poste. Foi a Natal (RN) para levantar a campanha do poste Fátima Bezerra, que ia mal. Fátima caiu nas pesquisas. E Micarla de Souza a derrotou no primeiro turno.

Aproveitando a viagem, Lula passou por Mossoró, segunda cidade do Estado. Queria melhorar o desempenho de Larissa Rosado, prima e adversária da candidata à reeleição, Fátima Rosado. Não adiantou: Fátima derrotou a prima poste.

Marta Suplicy definitivamente não é um poste. Tem luz própria, é boa de campanha, sua máquina política é fiel e poderosa. Mas Lula quis dar-lhe um empuxo, para que ganhasse em São Paulo no primeiro turno. Marta tinha 41 pontos e, a partir do apoio que recebeu, caiu. Kassab foi o primeiro no primeiro turno.

A regra de que poste não se elege tem exceções. O apoio de Lula levou Severino Cavalcanti (o que renunciou para não ser cassado, por cobrar propina do restaurante da Câmara) à vitória em João Alfredo (PE). E Luiz Marinho, que saiu em terceiro em São Bernardo, com apoio de Lula quase dispensa o segundo turno. Marinho é o poste propriamente dito: foi o lisonjeiro apelido que ganhou numa divertida e animadíssima viagem à Europa, paga por uma grande empresa.

OS DOIS PMDBS
O PMDB é o grande vencedor das eleições, com mais votos, mais cidades, melhor distribuição pelo País. Mas enfrenta forte tendência à divisão: uma ala, hoje ligada ao deputado Michel Temer (que quer eleger-se presidente da Câmara), está bem alinhada ao PT; outra ala, ligada aos ex-governadores Orestes Quércia (SP) e Jarbas Vasconcelos (PE) está muito próxima do governador paulista José Serra, do PSDB, possível candidato à Presidência da República. A ala serrista do PMDB se fortaleceu muito com o primeiro lugar de Gilberto Kassab em São Paulo e crescerá ainda mais se Kassab vencer a eleição.

NATAL CARO...
Ninguém está falando no assunto, mas já é hora de começar a se preocupar: com a alta do dólar, os brinquedos devem custar bem mais caro no Natal. Hoje, boa parte dos brinquedos é importada. E os nacionais têm peças vindas de fora.

...MESA CARA
O dólar mais alto também deve influir no preço do pão e do macarrão. Pouco mais de 70% do trigo consumido no Brasil é importado.

INDÚSTRIAS EM FÉRIAS
Importante: duas das principais indústrias automobilísticas do País, Fiat e GM, decidiram entrar em férias. A GM suspendeu as atividades em três fábricas do Brasil e em uma da Argentina, alegando queda nas exportações (especialmente para México, Argentina e Venezuela). A Fiat, em Minas Gerais, deu férias a 13% de seus funcionários. Entretanto, diz que a medida não tem nada a ver com as vendas nem com qualquer redução de exportações, apenas com a necessidade de colocar em dia as férias vencidas.

DOS DOIS LADOS
A derrota de ACM Neto nas eleições de Salvador, ao contrário do que se comenta, não significa o fim do carlismo, o movimento político de seu avô Antônio Carlos Magalhães. Primeiro, porque o carlismo já havia terminado, tanto que Jaques Wagner, do PT, ganhou o governo no primeiro turno. Segundo, porque ACM Neto não tem nada do avô - nem as idéias políticas, nem o comportamento (e sempre tiveram pouco contato). O neto favorito de ACM é "Duquinho", o filho do falecido Luís Eduardo Magalhães. ACM Neto paga pelo nome: para os anticarlistas, é neto de ACM, logo é igual a ele; para os carlistas, ele não é ACM.

A VIDA REAL
Com a derrota nestas eleições, abre-se uma oportunidade para ACM Neto desenhar seu próprio perfil, traçar seu próprio caminho. Pode ser uma revelação.




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