Em um discurso para líderes empresariais e políticos gregos, Clinton manifestou que já é tempo de os Estados Unidos admitirem que cometeram um erro há mais de 30 anos, ao pensar mais em estratégias da Guerra Fria do que na estabilidade do governo grego eleito democraticamente.

'Quando a junta tomou o controle em 1967, os Estados Unidos permitiram que seus interesses em prosseguir a Guerra Fria prevalecessem sobre os interesse da Grécia, quando deveria ter cumprido sua obrigaçao de apoiar a democracia, que, afinal de contas, foi a causa pela qual lutamos na Guerra Fria``, ressaltou Clinton.

Muitos entenderam que o discurso do presidente dos Estados Unidos teve como objetivo aliviar o mal-estar causado pelas violentas manifestaçoes ocorridas sexta-feira nesta capital.

Previamente, Clinton havia reiterado seu firme respaldo ao ingresso da Turquia na Uniao Européia, mas ressaltou que isso dificilmente aconteceria antes de o país resolver sua disputa com a Grécia em relaçao à ilha de Chipre. 'Estes dois países têm que ir unidos para o futuro e as acirradas disputas precisam ser resolvidas para que isso ocorra``, declarou aos jornalistas durante uma entrevista conjunta com o primeiro-ministro grego, Costas Simitis.

Clinton assinalou que aqueles que se opoem a sua presença, principalmente pelo papel dos Estados Unidos nos bombardeios da Otan contra a Iugoslávia, têm o direito de protestar, de forma pacífica.

A princípio, sua visita duraria dois dias, mas teve que ser reduzida para 24 horas por preocupaçoes com a segurança. 'Lamento profundamente que haja gregos que tenham sofrido prejuízos em suas propriedades e perdas por estas manifestaçoes. O importante é que reafirmamos o valor das relaçoes entre nossos dois países``, declarou.

A polícia havia informado previamente que, ao proibir uma passeata até a embaixada americana, os manifestantes quebraram vitrines de dezenas de lojas e bancos, atirando bombas incendiárias em seu interior.

O primeiro-ministro grego disse que a Grécia é uma naçao 'onde todos podem expressar suas opinioes``, mas ratificou que tais manifestaçoes devem ser pacíficas, destacando que as relaçoes com os Estados Unidos 'nao serao determinadas por estes protestos``.

Clinton deve fazer um discurso mais tarde sobre as relaçoes bilaterais e sobre o papel da Grécia na Europa, antes de partir com destino à Itália.

Na hora da violenta manifestaçao de sexta-feira à noite, Clinton e sua mulher, Hillary, se dirigiam a um banquete em sua homenagem na mansao presidencial, mas o caminho seguido pela caravana foi bloqueado aos manifestantes e o casal nao chegou a ver a confusao.

Clinton, que neste sábado visitou a colina da antiga Acrópole junto com sua filha, Chelsea, irá mais tarde para Florença, seguindo depois para a Bulgária e Kosovo, antes de retornar a Washington na próxima quarta-feira.

Um dos principais objetivos da viagem de Clinton à Europa, iniciada domingo passado na Turquia, é estimular a reconciliaçao grego-turca. Dentre as diversas disputas históricas dos dois países estao a reivindicaçao dos recursos naturais do Mar Egeu e a soberania sobre Chipre.