O TRE (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) também está em campanha, mas para que o eleitor seja candidato. Não para um cargo eletivo. A vaga em disputa é de mesário voluntário. E engana-se quem pensa que não surgem interessados. Só neste ano, 9,1 mil já se inscreveram, dos cerca de 28 milhões de eleitores do estado. Dentre os benefícios estão dois dias de folga por dia trabalhado nas eleições. Se participar de concurso público e caso ocorra empate, quem tiver servido à Justiça Eleitoral é favorecido. O interessado poderá fazer a inscrição até o dia 20 de setembro, no seu cartório eleitoral.

O desembargador Paulo Henrique Barbosa Pereira,  presidente do TRE, afirma que a iniciativa tem como objetivo chamar o eleitor para a consciência política. “O objetivo é fazer com que as pessoas tenham consciência de como é feita a votação, participando do processo eleitoral”, explica. De acordo com o presidente, as pessoas que se alistam como voluntárias têm a possibilidade de escolher se querem participar nas próximas eleições.

Segundo a integrante da Comissão que criou a campanha Silvia Helena Ribas Gomes, a idéia do mesário voluntário foi baseada em outros estados. “Nós notamos que em Rio Grande do Norte era aberta essa possibilidade e resolvemos adotar aqui em São Paulo”, explica.

Para ela, o fator determinante para a campanha foi de permitir a participação voluntária no processo da votação. “Desde a montagem das urnas até o momento da apuração”, completa.

A campanha teve sucesso, segundo Silvia, desde seu lançamento, em 2004. “Por isso resolvemos dar continuidade”, acrescenta. Dados do Tribunal apontam que, na primeira eleição – onde foram escolhidos prefeitos e vereadores – 20,5 mil eleitores se candidataram ao cargo. Já em 2005, no referendo para o Desarmamento, foram 896 pessoas no estado. Para efeito de análise, na última convocação normal de mesários feita pelo órgão, em 2004, foram chamadas 129 mil pessoas.

Cartórios – Segundo o chefe substituto do 321º cartório de Santo André, Cassio Valério Araújo Santos, existe bastante procura no município para ser voluntário. “Aqui tivemos 3 pela internet e 40 no balcão”, conta. Santos diz que nas inscrições on line, são analisados os dados do candidato e feita a seleção.

Já no balcão do cartório, é feita uma entrevista e os dados são levados ao juiz eleitoral, que faz a nomeação. “O candidato tem de ter discernimento e habilidade com as palavras, já que vai ter de conversar com o eleitor e mexer nas urnas”, explica.

Para o chefe de cartório, a vantagem é de que quanto mais voluntários forem escolhidos, menor o número a ser convocado pelo Tribunal. “Hoje a seleção é feita por um sistema, que não lida diretamente com as pessoas”, diz. Santos citou como exemplo o caso de a pessoa ser gestante. “Ele não sabe se a mesária está grávida e recruta”, diz. Nesses casos, segundo Santos, a mesária pode ser substituida por uma voluntária.

Voluntária – A bióloga Aline Lopes da Silva, 25 anos, moradora de São Caetano, se candidatou neste ano para ser voluntária. A iniciativa é decorrente da experiência em ser mesária. “Me alistei porque desde os 18 anos trabalhei nas eleições e não sabia se eles me chamariam novamente”, disse.

Aline conta que no ano da convocação, não ficou feliz com a novidade. “No começo eu também não gostava, mas passei a encarar como uma demonstração de cidadania. Gostei de trabalhar pelo país”, confessa.

Para ela, qualquer que seja a eleição, é um momento importante de participar. Por isso, ela pretende se alistar sempre. “É a hora que podemos escolher nossos representantes”, completa. Porém, ela não nega que o fato de ter dois dias de folga seja uma vantagem. “Mas, para mim, o principal é trabalhar neste evento de importância nacional”, finaliza.

As inscrições podem ser feitas nos cartórios eleitorais e no site www.tre-sp.gov.br. Para ser voluntário, o eleitor tem de ser maior de 18 anos e estar em situação regular perante a Justiça Eleitoral.

Não podem se candidatar os componentes das frentes parlamentares, candidatos e seus parentes, membros de diretórios políticos integrantes da Executiva, autoridades e agentes policiais, bem como funcionários de cargos de confiança no Executivo e os de serviço eleitoral.

A convocação é feita por meio de edital até 60 dias antes das eleições.