Ao tomar conhecimento das declarações de Brandão, o presidente do Instituto Brasmarket, Ronald Kuntz, lançou um desafio ao candidato. "Se ele falou isso sinceramente, e não para impressionar eleitores, eu o desafio a autorizar a divulgação da pesquisa desta semana, a última antes das eleições", afirmou Kuntz. Ele ainda criticou a submissão do tucano ao seu grupo de apoio. "O próprio candidato não tem controle da situação na coligação que dirige", disse.
O presidente do Instituto afirmou que a última pesquisa será registrada em caráter instituicional, para que não seja vinculada a nenhum foco de questionamento. Ele lembrou que o Brasmarket atua há 23 anos com pesquisas. "A pesquisa espelhará o desejo do eleitor e seu voto", disse.
Brandão conversou com o Diário nesta segunda à tarde, durante corpo-a-corpo eleitoral no Shopping ABC Plaza e no calçadão da rua Coronel Oliveira Lima. Ao seu lado caminhavam cinco vereadores eleitos - Dinah Zekcer, Carlos Raposo, Doutor Aidan, Paulinho Serra e Marcos Medeiros -, cuja votação totaliza 23.083 votos.
A maratona do tucano começou quatro minutos antes das 15h na Praça de Alimentação do shopping. Brandão chegou, quase anônimo, ladeado por alguns assessores. Aos poucos, foram chegando os parlamentares eleitos e cabos eleitorais. Minutos mais tarde, já havia 25 pessoas fazendo companhia ao candidato.
O tucano disse que está magoado com o nível da campanha. "Inventaram que eu tinha câncer. Disseram que não gosto de favelado e que vou tirar as favelas da cidade. Chegaram a dizer que o Duílio (Pisaneschi, candidato a vice) ia demitir todos os cobradores de ônibus. Nunca vi tanta baixaria em uma campanha política."
Brandão caminhava rápido em direção ao estacionamento do shopping onde concederia uma entrevista para uma emissora de TV. Ia tão rápido que o cabo eleitoral José Melo, 53 anos, comentou: "O velhinho está andando mais depressa que notícia ruim." Melo tinha um adesivo do tucano grudado em cima do distintivo da camisa do São Paulo. "Bem no coração."
Brandão ficou cerca de uma hora no shopping. Entrou nas lojas, brincou com os balconistas, conversou com os lojistas e clientes, que passavam pelos corredores. A balconista Tereza Camilo, 53 anos, disse que votou nele, porque Brandão havia sido o médico de sua mãe. Com um conjunto vermelho - a cor do PT -, Tereza procurou esclarecer as coisas: "Estou de vermelho, mas votei no senhor."
Calçadão - Às 16h07, Brandão estava na esquina da Oliveira Lima com a rua Campos Sales. Ao longo da subida do calçadão, o tucano cortejou militantes do PT, entrou em lojas, abraçou e beijou criancinhas e encontrou tempo para tomar um cafezinho na Loja Mundial.
Os cabos eleitorais ocupavam os dois lados da rua e agitavam as bandeiras azul e amarela do PSDB, fazendo uma espécie de corredor polonês amigável. A bandinha Show da Alegria maltratava o clássico de Adoniran Barbosa, Trem das Onze. No meio do percurso, o vereador reeleito Carlos Raposo pegou um telefone de orelhão e gritou: "Lula, você se f...nessa eleição." Brandão chamou sua atenção e comentou: "A gente precisa acalmar os ânimos."
Aos 77 anos, Brandão mostra uma energia invejável. Depois da caminhada no shopping e da longa subida do calçadão, ele não se conteve diante da morena de cabelo liso e longo e barriguinha de fora, a jornaleira Eva de Oliveira, 31 anos. Brandão abraçou-a e comentou: "Se eu não fosse casado, você não escapava." Eva riu e disse que queria dar um beijo no candidato derrotado Wilson Bianchi (PMDB). Na despedida, houve troca de beijinhos e Brandão prometeu "levar o beijo para o Bianchi".
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