“Não se trata nem de uma autobiografia, nem de um romance”, afirmou. “É um livro muito pessoal para explicar o porquê do meu apoio à Revolução e meu processo de decepção a partir de 1963”, que terminou com sua volta a Paris em 1968.
Como lembra Manet em seu livro, a vitória da Revolução em 1959 o fez voltar a Cuba — ele estava morando na França desde 1951. De volta à ilha, “como não havia nada e se fazia de tudo”, em setembro de 1960 foi nomeado diretor do telejornal da TV cubana para que pudesse viajar para a sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York, com Fidel Castro.
“Aquele foi um momento surrealista e mágico que conto no meu livro. Vi todas as atividades de Fidel em Nova York através de uma câmera de cinema, como o seu encontro afetuoso com Nikita Kruschov (líder da União Soviética)”, lembrou.
”A princípio, eu defendia a Revolução. Acreditava na Revolução e na possibilidade de se conseguir um país onde existisse a revolução, mas com rosto humano, como tentaram fazer os tchecos em 1968”, afirmou, em alusão à Primavera de Praga.
Em Mes Années Fidel, Manet, 63 anos, explica seu progressivo desencanto, a partir de 1963, “não com a revolução cubana, mas com o rumo que Cuba tomou sob o governo pessoal de Fidel Castro”. Ele citou como exemplos a criação do partido único, em 1965, e a perseguição dos homossexuais pelo regime de Castro.
“Em um dado momento, muitos intelectuais pensavam que Fidel Castro ia fazer o mesmo que a China de Mao Tsé Tung e dizer 'não' à União Soviética”, explicou. “Mas (ele) disse 'sim', em parte porque necessitava de sua ajuda”.
Em 1968, Manet deixou Cuba e nunca mais voltou à ilha. Ele participou de vários atos anti-Fidel realizados na capital francesa nos últimos meses, como a vigília de 29 de setembro, organizada pela Organização não-governamental Repórteres sem Fronteiras (RSF) e a associação Sem Visto.
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