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Brasileiros festejam chegada ao Cairo no rali Dacar
Do Diário do Grande ABC
23/01/2000 | 17:29
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A equipe Troller nao ganhou nada, mas fez uma festa de campea depois que seus carros cruzaram a linha de chegada do rali Dacar-Cairo, neste domingo, em frente às pirâmides de Quéops, Quefren e Miquerinos - cercadas de policiais montados em dromedários e oportunistas tentando vender alguns minutos em sua corcova.

Para os pilotos e a equipe técnica, o importante nesta primeira participaçao é ter completado a prova, chegando junto com a caravana à capital do Egito. Paulo Roberto Sales Rocha, chefe dos mecânicos mais conhecido como Betao, era o exemplo perfeito dessa satisfaçao, chorando como um bebê. Os pilotos subiam nos carros, se abraçavam...

Nem todos os quatro jipes vermelhos da fábrica cearense chegaram ao Cairo como queriam. O único desfalque foi a dupla Reinaldo Varella e Alberto Fadigatti, que sofreu um acidente na Líbia e teve de abandonar. Fadigatti saiu contundido. E Varella levou o carro pelo asfalto, apenas acompanhando.

Mas ainda assim, foi mais do que se esperava, especialmente após um início conturbado, com desentendimentos táticos e técnicos. "Montamos o carro em um mês", soluçava Betao, lembrando que a suspensao e os amortecedores foram colocados já em Barcelona, às vésperas do início do rali. Chegaram os carros das duplas Cacá Clauset e Amyr Klink, Arnoldo Silveira Junior e Gabriel Galdino, Roberto Macedo e Marcos Ermírio de Moraes.

Famoso por suas expediçoes marítimas, Amyr gostou tanto da brincadeira que já pensa na próxima vez: "Quero voltar, mas participando da montagem. Sou muito chato com detalhes técnicos e quero acompanhar o processo, nao só sentar no carro e navegar." Mário Araripe, dono da Troller, foi ver a chegada e falou com muita segurança do próximo Dacar: "Teremos uma equipe mais competitiva.

Nesse, era só para chegar." Os atuais carros, que disputaram a categoria protótipos, deverao ser aprimorados (maior velocidade, por exemplo) e inscritos na maratona, pois passarao a ser produzidos em série no Brasil. E haverá um novo modelo para a protótipos, com novos pilotos que terao a missao de serem os melhores novatos.

Na equipe BR Lubrax, os semblantes eram mais serenos. Juca Bala, que saiu da prova na antepenúltima etapa com o motor de sua moto quebrado, olhava quieto os veículos chegarem. Continuando ou nao na equipe, ele pretende voltar: "Quero terminar essa corrida de qualquer jeito." Será sua terceira tentativa.

Kléver Kolberg conquistou o segundo lugar na categoria maratona, o que nao é pouco com o carro que tem, mas no fundo esperava vencer - afinal de contas, já havia sido vice no ano passado. Kléver nao está muito motivado para continuar correndo com um jipe pouco competitivo.

Mas André Azevedo talvez tenha ficado com o gosto mais amargo na boca, perdendo o pódio no último dia - o que é raro de acontecer, pois as etapas sao sempre curtíssimas, mera formalidade. A 'especial' de ontem tinha apenas quatro quilômetros, mas foi suficiente para o russo Firdaus Kabirov tirar a desvantagem de nove segundos em relaçao ao caminhao de André. E terminar com apenas cinco de vantagem.

"Com o terceiro lugar, teríamos o pódio e o prêmio, mas a grande perda foi o segundo lugar", disse André referindo-se à etapa de anteontem, quando um imprevisto mecânico o fez cair para a terceira posiçao. André estuda várias possibilidades para o futuro, como conseguir um caminhao melhor ou até mudar para uma categoria inferior, sempre de caminhao, para poder ganhar. O que ele nao quer é continuar sendo um 'azarao', dependendo da má sorte alheia para sonhar com vitórias.

Na classificaçao final dos carros, Kléver Kolberg e Pascal Larroque, de Mitsubishi, ficaram em 14º, 2º na maratona. Resultados da Troller: Arnoldo Silveira Junior e Gabriel Galdino (46º e 4º entre os novatos), Cacá Clauset e Amyr Klink (53º e 6º entre os novatos), Roberto Macedo e Marcos Ermírio de Moraes (75º e 11º entre os novatos).

O francês Jean-Louis Schlesser sagrou-se bicampeao. E em segundo, ficou seu compatriota Stephane Peterhansel. Nas motos, também houve reprise de 99, com título para o francês Richard Sainct. Em segundo, ficou o espanhol Oscar Gallardo - ambos de BMW. A BMW conquistou as quatro primeiras posiçoes, com o norte-americano Jimmy Lewis em terceiro e o francês Jean Brucy em quarto. Nos caminhoes, o russo Vladimir Tchaguine, de Kamaz, levou o título pela primeira vez. O checo Karel Loprais, campeao em 99, foi vice com seu Loprais.




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