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Português para brasileiros

Nosso idioma é muito rico, cheio de sutilezas. Serve para dizer muitas coisas, sem que haja a necessidade de mudar as palavras ou expressões que utili

Por Carlos Brickmann
20/02/2013 | 00:00
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Nosso idioma é muito rico, cheio de sutilezas. Serve para dizer muitas coisas, sem que haja a necessidade de mudar as palavras ou expressões que utilizamos. As mesmas palavras ou expressões podem exercer diversas funções no texto, sem que seja preciso decliná-las, como no Latim, ou modificá-las.

Por exemplo, ‘sem-vergonha', que aqui tomamos como exemplo, sem qualquer referência político-partidária, varia muito de função conforme a frase. Um bom exemplo: é adjunto adnominal em ‘votei num corrupto sem-vergonha'.

Já em ‘o corrupto é um sem-vergonha', trata-se de objeto direto, e o sujeito da frase é ‘corrupto'. As funções se invertem quando a frase é modificada.

Em "Esse sem-vergonha é um corrupto", é sujeito. "Corrupto" é objeto direto.

Na frase ‘agora nega o roubo, sem-vergonha!', é vocativo.

Em ‘o corrupto, aquele sem-vergonha, participou do Mensalão', é aposto. Aposto é aquela expressão, normalmente entre vírgulas, que descreve o sujeito da frase. Algo como ‘o ex-presidente, silencioso desde a descoberta dos pontos turísticos de Porto Seguro, continua afastado das entrevistas de que tanto gosta'.

Há uma variação importantíssima, que não pode ser esquecida: ‘Afastado há anos da Esplanada dos Ministérios e condenado em última instância por corrupção, continua ordenando a seus adeptos que se exponham para defendê-lo e para tentar prejudicar a reputação dos juízes que o julgaram'.

Nesse caso, ‘sem-vergonha' é o sujeito oculto.

CONTROLE SOCIAL...

O pessoal favorável à censura da imprensa não precisa mais explicar seu conceito de democracia. ‘Controle social da imprensa' é o que tentam fazer com a blogueira cubana Yoani Sánchez: juntar um grupo de brutamontes para impedi-la de falar. Liberdade de expressão, sim; mas só para louvar a família Castro.

...DA IMPRENSA

É interessante notar que as tentativas de agressão à blogueira cubana ocorreram em dias úteis, no horário comercial. Aqueles manifestantes não trabalham?

A CONFISSÃO

A informação de que o governo cubano distribuiu material de propaganda contra Yoani Sánchez (e que envolveu um assessor direto do ministro-chefe da Casa Civil, Gilberto Carvalho, no trabalho sujo) é absolutamente correta: basta ler as manifestações diversas contra a blogueira que se atreve a não gostar dos irmãos Castro. Ela é acusada de ser ‘limpinha' (sim, é crime), de receber prêmios internacionais por sua coragem e persistência, de tomar cerveja com amigos, de ir à praia, de comer bananas. Uma transgressora, a jovem! E, principalmente, é acusada de ser ‘impatriótica'. Razão tinha Samuel Johnson, crítico literário britânico: ‘Patriotismo é o último refúgio dos canalhas'.

A ROSA (NÃO A ROSE)

Frase da revolucionária comunista alemã Rosa Luxemburgo, personagem que o pessoal sério de esquerda conhece e respeita: ‘A liberdade é, quase sempre, exclusivamente, a liberdade de quem discorda de nós'.

SOBE!

Na semana passada, esta coluna comentou o notável crescimento da verba de publicidade do governo tucano paulista - um escândalo, já que boa parte é utilizada em anúncios de produtos de consumo obrigatório e de fornecedor único. Mas o governador Geraldo Alckmin não está sozinho: no Rio Grande do Sul, o petista Tarso Genro aumentou a verba de propaganda em 193%. O Amapá de José Sarney, governado pelo socialista Camilo Capiberibe, é mais ousado: elevou a verba de propaganda em 206%. O Maranhão, também de Sarney, governado pela filha de Sarney, Roseana, PMDB, vai gastar mais 166%. Que há em comum entre o tucano Alckmin, o petista Genro, o socialista Capiberibe, a peemedebista Roseana? Simples: no ano que vem há eleição. É preciso gastar com propaganda!




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