Para falar da primeira metade do século 20...
Para falar da primeira metade do século 20 (coleção São Paulo, em cinco volumes, IOE/Poesis), o professor José de Souza Martins avança e recua em outros períodos. Com isso, consegue explicar melhor o termo caipira, que de depreciativo não tem nada: "Desde o fim do século 19, na pintura, com José Ferraz de Almeida Júnior (1850-1899), já surgiam fortes indícios da presença do caipira no imaginário paulista" (página 10).
Outro exemplo é quando Martins explica a língua brasileira do nheengatu ou o dialeto caipira: "Em meados do século 19, o jovem poeta Álvares de Azevedo, estudante da Faculdade de Direito, nascido em São Paulo, mas de família da corte, abominava o caipirismo das moças ricas de São Paulo, que lhe diziam: ‘Nóis não sabe dançá'" (página 13).
José de Souza Martins reúne no livro uma bela ou mais aulas de São Paulo, sem que o aluno - no caso o leitor - precise anotar, mas apenas prestar atenção. Os conceitos emitidos são sempre seguidos de exemplos pontuais, um dos quais vindo da cidade de Amparo: "Nos anos 1960, as atividades recreativas e de lazer de Amparo ainda ocorriam em clubes que expressavam a organização social de transição do trabalho escravo para o trabalho livre do século anterior. Já no fim do século 19, Amparo tinha um clube em que se congregavam os fazendeiros de café, outro que reunia os imigrantes italianos e um terceiro cujos membros eram negros" (página 42).
O estudo sistemático que Martins faz do Grande ABC, desde os tempos de estudante da Escola Américo Brasiliense, em Santo André, pode ser medido por citações que ele faz de momentos e personagens locais. É o caso do negro Nicolau Tolentino: "Nascido escravo na Fazenda de São Caetano, dos monges de São Bento, libertado na alforria geral que os beneditinos concederam a seus escravos, em todo o Brasil, em 1871, adotou o sobrenome Piratiniga" (página 10).
Ou então quando Martins generaliza: "A proliferação de grupos de violeiros e até de folias de reis no subúrbio industrial da capital, em Osasco, em Mauá, em Ribeirão Pires, em São Bernardo, é uma vigorosa demonstração da vitalidade identitária da cultura caipira" (página 19, concluindo o capítulo O século XX paulista, que absolutamente não começa em 1900).
Primeira metade do século 20 que consolida a industrialização paulista. E aqui Martins cita um personagem nacional, sem dúvida também internacional, que atuou firmemente na São Caetano em que o autor nasceu: Roberto Simonsen que "representou, mais do que ninguém, a competência industrialista na orientação indireta e não oficial do industrialismo de Vargas" (página 85).
Amanhã: São Paulo no século 20 (segunda metade), por Tania Regina de Luca.
LIVRO NOVO
Silmara Conchão lança hoje, a partir das 18h, o livro Masculino e feminino, a primeira vez (Hucitec). Local: anfiteatro David Everson Uip, prédio Cepes (térreo), na Faculdade de Medicina ABC: Avenida Príncipe de Gales, 821, em Santo André.
SANTOS DO DIA
Francisca Romana, Cândido, Catarina de Bolonha e Gregório de Nissa.
Fonte: Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, Vozes, 2012.
Na foto, Nossa Senhora das Dores. Autor: Olivari Paolo. Origem: Gênova, Itália. Ano: 1853. Madeira policromada e dourada. Pertenceu à casa de Formação Nossa Senhora da Esperança.
FONTES: Museu de Arte Sacra de São Paulo; Andréa Maria Zabrieszach Afonso dos Santos, museóloga; foto: Iran Monteiro. Contatos: 3326-1373; 5393-3336; mas@museuartesacra.sp.gov.br.
USCS
Aniversário de Mauricio José Martinez (São Paulo, SP, 6-3-1946). Ele integrou a turma pioneira da atual USCS: Administração de Empresas, 1970. Fonte: Centro de Memória da USCS.
ALERTA, DIADEMA 2
Memória aponta mais uma imagem da casa histórica ameaçada de desaparecimento sem que os proprietários sejam informados oficialmente. E oferecemos uma nova dica: a casa fica no bairro Taperinha. Autoridades públicas de Diadema, vocês vão deixar isso acontecer?
MUNICÍPIOS PAULISTAS
Hoje é o aniversario de Altinópolis, Barreiro e Cachoeira Paulista.
DIÁRIO HÁ 30 ANOS
Terça-feira, 9 de março de 1982
Manchete - Operários voltam ao serviço e a greve da Brastemp termina, 17 dias depois. Na cobertura, a repórter-fotográfica Kátia Dotto realiza um ensaio fotográfico na unidade pioneira da Brastemp, em São Bernardo, hoje transferida para fora do Grande ABC.
Futebol - Domingo, no Jaçatuba: Santo André 0, misto do São Paulo FC 1.
EM 9 DE MARÇO DE...
1952 - Realizada a solenidade de bênção da nova igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Mauá.
1957 - Inaugurada, em São Bernardo, na Praça Lauro Gomes, a fonte luminosa Princesa Isabel, A Redentora.
CRÔNICA DE UM MINEIRINHO
Depoimento: Expedito Soares
Eu já era deputado e ouvi uma conversa do Esquerdida. Ele era matador. Dizia que só matava bandido por limpeza. E eu o denunciava na Assembléia Legislativa. Dizia que ele era um fora-da-lei, que estava fazendo justiça com as próprias mãos, que não era papel dele. Dizia que a Polícia Civil estava sendo conivente.
Esquerdinha chegou a dizer que matou um bandido chamado Taizan - não era "Tarzan"; era "Taizan" mesmo.
Matou e jogou o corpo nesses buracos do "Limpão", em Ferrazópolis.Fiz um pronunciamento na Assembléia. Cobrei a Secretaria da Segurança.
A denúncia chegou a ser publicada no Jornal do Brasil e o Esquerdinha foi à Rua Joaquim Nabuco, 520, no meu escritório. Colocou quatro caras na frente do escritório. Subiu armado com dois revólveres para conversar comigo, levando o recorte do JB.
- Você falou que eu matei o Taizan.
- Falei mesmo. Você é um fora-da-lei e eu não concordo. Por que? Você vai me matar?
BENEDITO BILISSONI, DITINHO DO BANDOLIM (Itapuí, SP, 16-10-1924 - Santo André 4-3-2012)
Ditinho chegou a Santo André em 1959 e tornou-se metalúrgico. Mas a paixão pela música nunca deixou de o acompanhar. No Grande ABC, atuou em vários grupos, desde os Boêmios do ABC até o do cantor Mimi. Tocou o bandolim do seu nome artístico, mas também o violão 7 cordas.
Graças aos amigos Humberto Moura e Cecília ainda deu tempo de Memória falar do Ditinho do Bandolim, ano passado, no dia do seu aniversário. Agora, a partida, aos 87 anos.
"Hoje o choro chorou e soou mais chorado. A música perdeu um grande. Ficou desfalcada. Deus te acolha, meu querido. Lá em cima encontrará com outros grandes amigos que foram antes para recepcioná-lo. Adeus Ditinho do Bandolim", escreveu a amiga Cecília.
Ditinho foi sepultado no Cemitério do Curuçá. A missa de 7º dia será domingo, às 18h, na igreja Nossa Senhora da Salete, em Vila Helena, Santo André.
FALECIMENTOS
SÃO BERNARDO
Pia Felix Prior, 96. Natural de Itamogi (MG). Dia 7. Cemitério de Vila Euclides.
Etelvina de Lima, 87. Natural de Itapecerica (SP). Dia 7. Cemitério de sua cidade natal.
Berenice Lacerda Orlando, 77. Natural de São Paulo (SP). Dia 7. Crematório de Vila Alpina.
Matilde de Sousa, 69. Natural de São Paulo (SP). Dia 6. Cemitério dos Casa.
SÃO CAETANO
(Cemitério da Saudade, bairro Cerâmica)
Semiramis Virmar Coelho, 84. Natural de Simões (PI). Dia 21.
Geralda Albina, 82. Natural de Senhora de Oliveira (MG). Dia 21.
Serviços Funerários: Santo André - 4433-3544; São Bernardo - 4330-4527; Diadema - 4056-1045; Mauá - 4514-7399; Ribeirão Pires - 4828-1436; Rio Grande da Serra - 4820-4353.
Para anunciar um falecimento, ligue para 4435-8000.
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