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Shakespeare sem mistério
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
19/01/2007 | 20:14
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Garrincha vai encenar Shakespeare. O astro em questão, porém, não tem nada a ver com o futebol: ele é um border colie que se une hoje a 32 atores e quatro músicos no primeiro fim de semana da temporada de Dois Cavalheiros de Verona no Sesc Pompéia, em São Paulo. A comédia, escrita por William Shakespeare, tem direção de Ulysses Cruz e Ricardo Rizzo e fica em cartaz no galpão da unidade até 11 de fevereiro.

O cachorro não é o principal do espetáculo, mas sua inusitada presença tem razão de ser. “Ele é um personagem escrito pelo Shakespeare e tem uma importância na peça. Sua função será mais mostrar como as relações humanas deveriam ser”, explica Rizzo. O animal pertence, na trama, ao pajem de um dos protagonistas e, quando alguém agir com atitude pouco nobre, entra em cena a digna relação do cão com seu dono.

Segundo Rizzo, a equipe não descarta a possibilidade de Garrincha, que é estreante nos palcos, ter uma atitude inesperada diante do público. “Por enquanto, ele tem se adaptado bem. E posso dizer que está se divertindo muito”, diz Rizzo.

Em Dois Cavalheiros de Verona, dois amigos de Verona viajam a Milão, onde se apaixonam pela mesma mulher, a bela e jovem filha de um duque local. Por causa dela, os amigos tornam-se rivais e os problemas aumentam quando a ex-namorada de um deles, recusa-se a afastar-se do amado.

A peça, encenada em um galpão, recria o ambiente de um dancing dos anos 1950. Segundo Rizzo, todo o cenário se metamorfoseará diante dos olhos do público, no decorrer das cenas. “Quando os espectadores se derem conta, verão um cenário de Milão, de Veneza ou uma sacada”, afirma.

O elenco é quase todo constituído por atores recém-formados na escola Globe SP, de Paulo Plagus e Ulysses Cruz, que agora lança uma companhia com estes profissionais. Há apenas dois convidados: Fernando Vieira e Marcelo Boffa.

Segundo Rizzo, a intenção dele e de Cruz com esta montagem é “desmitificar Shakespeare”. “Procuramos fazer uma montagem cuja história pudesse ser compreendida por um público não catedrático, uma peça acessível e comunicável para todas as platéias”, diz. “Shakespeare não é difícil, é bom. Difícil é a forma como alguns o traduzem e encenam”. Cruz tem quatro peças de Shakespeare no currículo, como diretor, e com esta termina um jejum de dez anos longe do teatro.

Dois Cavalheiros de Verona – Comédia de William Shakespeare. Dir.: Ulysses Cruz e Ricardo Rizzo. Com Fernando Vieira, Marcello Boffa e elenco. De quarta a sábado, às 21h30; domingo e feriado, às 18h30. No Galpão do Sesc Pompéia – r. Clélia. 93, São Paulo. Tel.: 3871-7700. Ingr.: de R$ 7,50 a R$ 20. Até 11 de fevereiro.



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