A dupla oferece aos fãs poucas novidades na caixa comemorativa. Entre os discos, há um composto só de videoclipes e outro com músicas que nunca haviam sido gravadas. No mais, resume-se a uma boa coletânea para os mais aficionados. Os CDs são vendidos separadamente a R$ 17, em média.
Em entrevista exclusiva ao Diário, em seu escritório em Alphaville, São Paulo, onde ambos também mantêm mansões, os sertanejos fizeram questão de enfatizar o amadurecimento adquirido na estrada.
"Aconteceu uma evolução natural em nossa carreira. Tem músicas que eu gravei no passado que não gravaria de novo. A maneira que eu cantava mudou muito. Um exemplo é a música Coração Tá em Pedaços. Eu jamais cantaria ela de novo no tom que cantei, mas isso é natural. Em alguns momentos o agudo foi um exagero, mas a gente vai se moldando. Depois de algum tempo tudo vai melhorando”, contou Zezé entre uma taça de Prosecco e outra.
Para Luciano, mais inquieto e falador, o amadurecimento musical veio acompanhado de uma mudança pessoal muito importante para sua vida. “Eu era um menino que acreditava em todo mundo. Só em 1995, com 22 anos, que comecei a ver o que realmente estava acontecendo. Eu me achava o mais lindo, o mais gostoso, eu era o metido, sabe? A gente vai pagando com o tempo nossos erros. Tem gente que não fala comigo até hoje porque acha que eu sou arrogante como no começo da carreira, mas eu mudei”, afirmou o cantor.
Engana-se quem acha que os 13 anos foram só de sucesso. As críticas, hoje bem recebidas, fazem parte do dia-a-dia dos irmãos. “Os pseudo-intelectuais cobram uma postura mais tradicional da gente. A música sertaneja de antigamente era regional, e pouca gente sabe, aquilo que não vendia é que virava música de raiz. Até a prensagem era de segunda categoria. O que aconteceu hoje é que os músicos populares descobriram seu valor. Mas o preconceito ainda existe. O SBT, por exemplo, quando precisa de ibope convida um artista sertanejo, mas no Troféu Imprensa, faz uns cinco anos que não tem a categoria sertaneja”, explicou Zezé.
A dupla não tem medo da definição de comercial que sempre recebe. “As pessoas vêem a gente cantando músicas comerciais e pensam: ‘são dois idiotas que não têm formação nenhuma, não têm discernimento’. Mas temos de saber separar. Eu faço música comercial sim, para cantar para o povo, eu não canto para agradar formadores de opinião”, desabafou Zezé.
O Grande ABC, que serviu de berço para o projeto Amigos, realizado entre 1996 e 1998, que de certa forma alavancou a carreira da dupla com o sucesso É o Amor, é visto com carinho por Luciano. “A primeira vez que fui fazer um show na região do Grande ABC já fui assim empolgado porque a região faz parte da história do Brasil. Uma parte importante de nossa carreira aconteceu lá”, contou.
Zezé complementa: “temos boas lembranças do show Amigos que fizemos lá em São Caetano com 110 mil pagantes, adoraria voltar lá. Mas não tem nada previsto. É uma região onde somos muito bem recebidos porque o pessoal curte nosso estilo”.
Filme - No segundo trimestre de 2005 será lançado nacionalmente o longa 2 Filhos de Francisco – A História de Zezé Di Camargo & Luciano. O filme, de Breno Silveira, conta a história do sonho do servente de pedreiro Francisco Camargo, pai da dupla. “O filme começa com Zezé Di Camargo e Luciano hoje, depois há uma volta no tempo. A gente abre e fecha o filme”, conta Zezé.
Embora a produção leve o nome da dupla, o grande homenageado é Seu Francisco. “Vocês vão ver nas telas a história de um brasileiro que para dar estudo aos filhos fez uma escola dentro de sua casa. Um cara que construiu as carteiras e que saiu convencendo as outras famílias a matricularem seus filhos na escola dele. Quando meu pai casou com minha mãe, ele disse: vou ter dois filhos e eles vão formar uma dupla sertaneja”, contou Zezé, emocionado.
Histórias não faltam, já que a vida de Mirosmar e Welson é marcada por lances trágicos e guinadas. Zezé perdeu em um acidente de carro seu irmão e primeiro parceiro, Emeval; anos depois, já estabelecido, veria outro irmão, o compositor Welington Camargo, sofrer um violento seqüestro. Entre as alegrias, certamente está o sucesso da filha, a cantora Wanessa Camargo.
As gravações do longa, que acontecerão em Goiás, Rio e São Paulo, começaram em maio. Zezé e Luciano serão interpretados por atores no filme, mas aparecerão em imagens de shows e depoimentos.
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