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Mulher recolhe granada ao pensar que é marmita
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
05/12/2004 | 13:15
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A comerciante Nice Correia passou três dias ao lado de uma granada, pensando se tratar de uma marmita, sem desconfiar que era um explosivo. Sábado, a polícia encontrou o artefato num terreno baldio na rua Espírito Santo, no bairro Cidade São Jorge, periferia de Santo André. Por sorte, a granada estava sem carga e não oferecia risco de explosão. O susto da vizinhança foi grande ao descobrir que, dentro de um pote plástico, a marmita, estava escondida a arma de uso exclusivo das Forças Armadas que, uma vez detonada, poderia arrasar todo o quarteirão.

Na última quinta-feira, Nice encontrou no ponto de ônibus próximo à barraca em que vende frutas e legumes uma vasilha branca, como as de sorvete, com uma camiseta dentro. "Olhei de perto e não vi nada. Só a camiseta. Tinha um cheiro forte de éter", contou. A comerciante achou que podia ser uma marmita esquecida por alguém, e que o dono certamente voltaria para buscar. "Por isso, coloquei atrás da minha barraca, caso alguém desse falta da vasilha."

As crianças do bairro, que costumam se encontrar no terreno, um campo de terra batida, resolveram vasculhar o pote na manhã de sábado. Sem querer, acharam a granada. Os vizinhos chamaram a polícia, que isolou a área e aguardou por cinco horas a chegada do Esquadrão Anti-Bombas do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais). Por volta das 14h, quatro viaturas da equipe especializada apareceram no local. Segundo testemunhas, ficaram menos de vinte minutos para concluir que a granada estava desativada e sem carga explosiva.

Já no 4º DP de Santo André, onde a ocorrência foi registrada, os policias militares que passaram toda a manhã de sábado na Cidade São Jorge disseram que o artefato é de baixa potência e, provavelmente, muito antigo, já que a cápsula se encontrava totalmente tomada pela ferrugem. Apesar de estar entre as granadas "mais simples", de fabricação brasileira, os estilhaços da explosão podem atingir um raio de 80 a 100 m. Na segunda-feira, o caso será transferido para o 3º DP, na Vila Pires, responsável pela cobertura da área. As investigações serão iniciadas com base no laudo do IC (Instituto de Criminalística).

Aliviada, a comerciante Nice Correia disse que só depois da chegada dos policiais é que se deu conta do risco que corria. "Eles me disseram que, se a bomba tivesse explodido, viriam até aqui só para recolher os destroços. Teriam de me juntar com uma pá."

Uma das vizinhas do terreno, que não quis se identificar, temeu que tudo fosse pelos ares. "Vi a polícia e achei normal. Mas depois que os outros homens chegaram e foram se aproximando do pote com cuidado, vi que o caso poderia ser mais sério." Ela diz nem imaginar porque uma granada sem carga e enferrujada foi abandonada no ponto de ônibus. "E, se alguém soubesse, não contava. Aqui é perigoso. É melhor se fingir de cego, surdo e mudo."




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