A publicação, que tem projeto gráfico do artista plástico Artur Lescher, reúne 119 fotografias (todas em preto-e-branco) de diversos locais pelos quais o fotógrafo passou nos últimos dez anos. São Paulo, Rio, Salvador, Fernando de Noronha, Paris, Veneza, Nova York e Buenos Aires entre eles.
“A idéia foi apresentar os lugares como meios eternos, sem a passagem do ser humano, sem seus sussurros. São registros de um momento nos quais busquei a memória desses locais que, por sinal, estão em constante transformação”, diz Muylaert.
O livro traz cenas realizadas sobretudo no período noturno: “Fotografo mais sombras do que luzes. Sobre a opção pelo preto-e-branco, acredito que abstraindo a cor chego à essência das coisas. É um modo de ver”.
“O fotógrafo caminha com a câmera discretamente, registrando aquilo que em princípio não se dá a ver, aquilo que se entrevê: os ângulos secretos. Daí a preferência pelo preto-e-branco, pelas cenas desabitadas ou quase. O silêncio atravessa suas fotos por todos os lados, saturando-as”, escreve o crítico Agnaldo Farias na apresentação do título.
Muylaert mostra-se um fotógrafo de múltiplos olhares. Cria tanto imagens com vários elementos quanto detalhes. Trabalha o foco ou a granulação. Muitas vezes atém-se aos grafismos.
Fotografar São Paulo, Nova York e Paris, por exemplo, muitos já o fizeram. No entanto, o mérito de Muylaert em O Espírito dos Lugares reside no fato de ele conseguir conferir à sua produção fotográfica um caráter muito pessoal, uma visão peculiar. Em tempo: a mostra apresenta 50 fotografias selecionadas do livro.
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