No início de 2009, Guilherme Callegari tomou uma decisão corajosa: depois de quase cinco anos trabalhando em agências publicitárias e gráficas, o andreense enfim empregaria o talento como desenhista para as artes, o que significaria abrir mão da estabilidade financeira. Pouco mais de um ano depois, o rapaz teve o primeiro sinal de que o aperto estava valendo a pena. Aos 24 anos, recebeu o prêmio estímulo durante o 38º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, em Santo André, por suas telas com inspiração na arte urbana como o grafite.
A premiação em dinheiro representa a aposta do júri, que neste ano era formado por Sandra Cinto, Albano Afonso e Waldo Bravo. "Eu pirei quando soube, principalmente por saber que a Sandra estava no júri. Tenho uma pasta de referências que tem obras dela. Fiquei muito feliz", relembra Callegari.
Na abertura do Salão, a artista plástica conterrânea aconselhou, segundo lembra o rapaz: "‘Não gaste esse dinheiro com outras coisas senão tintas e material de trabalho'. É o que venho fazendo", relata.
Desde que abandonou o último emprego em uma agência de São Paulo - e um mundo de banners, anúncios e arte-final - Callegari vem se dedicando aos estudos: cursa o segundo ano de Design Gráfico com ênfase em Tipografia, na Universidade Anhembi Morumbi. "Moro com os meus pais e a casa dos fundos é minha: lá eu trabalho. Minha família sempre me apoiou demais, ainda mais depois que resolvi me dedicar à arte", revela ele, que descobriu a vocação aos 12, depois de um trabalho de escola baseado em obra do abstracionista russo Wassily Kandinsky (1866-1944).
Além de Kandinsky ("ele é rei", ri), as principais referências do jovem vão do do expressionista austríaco Egon Schiele (1890-1918) passando pelo expressionismo abstrato do norte-americano Jackson Pollock (1912-1956) até chegar a grandes nomes da contemporaneidade, como os irmãos brasileiros Otávio e Gustavo Pandolfo, que assinam juntos como Osgemeos. Seus materiais de suporte são papelão e madeira.
Em suas primeiras obras, que podem ser vistas também em www.flickr.com/guilherme_callegari, o andreense se baseia em elementos de seu dia-a-dia. "Também me inspira a música. Ouço muito jazz e rap", conta. Se a inspiração seguir as referências, Callegari está no caminho certo, como apostaram os jurados. Jazz também era a trilha sonora preferida de Pollock enquanto pintava.
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