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Megaexposição de Verger abre nesta segunda em SP
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
23/06/2002 | 18:15
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Dar visibilidade à obra de Pierre Verger (1902-1996) no ano de seu centenário de nascimento é o motivo da megaexposição que abre nesta segunda-feira para convidados e nesta terça-feira para o público na Galeria de Arte do Sesi, em São Paulo. Isso passa não só pelas 600 fotos em exposição, recorde brasileiro para um único fotógrafo, mas pela criação de uma galeria que disponibilizará todo o acervo de Verger, dos 63 mil negativos digitalizados a documentos em geral.

Verger foi um fotógrafo humanista, um leitor do homem brasileiro. Começou a viajar pelo mundo em 1932, quando deixou Paris, retratando aspectos sociais de nações asiáticas, africanas e americanas. Após 14 anos de andanças, fixou-se em Salvador, base para seu trabalho mais conhecido: retratar a cultura negra do Brasil e da África. O registro que fez de povos em vias de desaparecimento e a transformação de suas tradições está na mostra da Galeria de Arte do Sesi.

A Fundação Pierre Verger continua onde sempre esteve desde 1988, na casa que foi a moradia do fotógrafo, etnólogo e antropólogo francês. Fica em uma favela no bairro Engenho de Dentro, região do Alto do Corrupio, em Salvador. “Descartamos a idéia de sair dali e ir para um prédio moderno, pois preferimos ter um grande computador no local capaz de atender as pesquisas”, diz Gilberto Pedreira de Freitas Sá, presidente da Fundação.

A galeria, no entanto, ficará na rua da Misericórdia, no centro histórico da capital baiana, que une a Praça Municipal (do Elevador Lacerda) à Praça da Sé. São seis casas do início do século XX pertencentes à Santa Casa de Misericórdia, os seis primeiros edifícios restaurados em todo o quarteirão.

“A inauguração acontecerá antes de 18 de outubro, quando a exposição chega na Bahia”, afirma Sá. “Quem precisava pesquisar algo de Verger, ou sobre ele, tinha de fazê-lo por telefone ou se dirigir pessoalmente até a Fundação. Isso nós vencemos no ano passado, completando a digitalização das fotografias do acervo”, diz.

A intenção é tornar a galeria um centro de pesquisa permanente da obra de Verger. “No momento, estamos à procura de patrocínio para completar os equipamentos da Fundação e interligar, no futuro, esse sistema com parceiros do mundo inteiro. Em breve, teremos uma loja também”, afirma Sá. Na loja, poderão ser adquiridas fotos originais, a partir dos negativos, com certificado de autenticidade (custam, em média, US$ 1 mil).

Também não faltarão livros inéditos sobre Verger. Ainda este ano, será lançada a biografia Pierre Fatumbi Verger, um Homem Livre, do francês Jean Pierre Bouler. E, pela primeira vez no Brasil, O Mensageiro, o livro mais bem sucedido de Verger no exterior.

As pesquisas no acervo da Fundação renderam três publicações. Pierre Verger nos Tempos do O Cruzeiro mostra o trabalho de oito anos do fotógrafo fazendo reportagens sobre folclore da Bahia e do Nordeste para a revista. Foram mais de 80, mas só 20 publicadas. O livro terá as inéditas. Os outros dois são: Bastide e Verger – Troca de Pesquisas, que reúne farta troca de cartas, artigos e divisão de informações entre o fotógrafo e o sociólogo francês Roger Bastide, que foi professor da USP; e Verger por Verger, que transcreve 60 horas de entrevistas de Verger falando de si e sobre cultura.

De Verger, serão reeditados Retratos da Bahia, em edição de luxo, Fluxo e Refluxo e Orixás.




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