Verger foi um fotógrafo humanista, um leitor do homem brasileiro. Começou a viajar pelo mundo em 1932, quando deixou Paris, retratando aspectos sociais de nações asiáticas, africanas e americanas. Após 14 anos de andanças, fixou-se em Salvador, base para seu trabalho mais conhecido: retratar a cultura negra do Brasil e da África. O registro que fez de povos em vias de desaparecimento e a transformação de suas tradições está na mostra da Galeria de Arte do Sesi.
A Fundação Pierre Verger continua onde sempre esteve desde 1988, na casa que foi a moradia do fotógrafo, etnólogo e antropólogo francês. Fica em uma favela no bairro Engenho de Dentro, região do Alto do Corrupio, em Salvador. “Descartamos a idéia de sair dali e ir para um prédio moderno, pois preferimos ter um grande computador no local capaz de atender as pesquisas”, diz Gilberto Pedreira de Freitas Sá, presidente da Fundação.
A galeria, no entanto, ficará na rua da Misericórdia, no centro histórico da capital baiana, que une a Praça Municipal (do Elevador Lacerda) à Praça da Sé. São seis casas do início do século XX pertencentes à Santa Casa de Misericórdia, os seis primeiros edifícios restaurados em todo o quarteirão.
“A inauguração acontecerá antes de 18 de outubro, quando a exposição chega na Bahia”, afirma Sá. “Quem precisava pesquisar algo de Verger, ou sobre ele, tinha de fazê-lo por telefone ou se dirigir pessoalmente até a Fundação. Isso nós vencemos no ano passado, completando a digitalização das fotografias do acervo”, diz.
A intenção é tornar a galeria um centro de pesquisa permanente da obra de Verger. “No momento, estamos à procura de patrocínio para completar os equipamentos da Fundação e interligar, no futuro, esse sistema com parceiros do mundo inteiro. Em breve, teremos uma loja também”, afirma Sá. Na loja, poderão ser adquiridas fotos originais, a partir dos negativos, com certificado de autenticidade (custam, em média, US$ 1 mil).
Também não faltarão livros inéditos sobre Verger. Ainda este ano, será lançada a biografia Pierre Fatumbi Verger, um Homem Livre, do francês Jean Pierre Bouler. E, pela primeira vez no Brasil, O Mensageiro, o livro mais bem sucedido de Verger no exterior.
As pesquisas no acervo da Fundação renderam três publicações. Pierre Verger nos Tempos do O Cruzeiro mostra o trabalho de oito anos do fotógrafo fazendo reportagens sobre folclore da Bahia e do Nordeste para a revista. Foram mais de 80, mas só 20 publicadas. O livro terá as inéditas. Os outros dois são: Bastide e Verger – Troca de Pesquisas, que reúne farta troca de cartas, artigos e divisão de informações entre o fotógrafo e o sociólogo francês Roger Bastide, que foi professor da USP; e Verger por Verger, que transcreve 60 horas de entrevistas de Verger falando de si e sobre cultura.
De Verger, serão reeditados Retratos da Bahia, em edição de luxo, Fluxo e Refluxo e Orixás.
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