Os dois inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), agência da ONU que estava presente na Coréia do Norte há oito anos, chegaram nesta terça-feira a Pequim, um dos poucos aliados de Pyongyang. Os inspetores se negaram a fazer declarações.
A Coréia do Norte, que anunciou no dia 12 de dezembro a retomada de seu programa nuclear congelado em 1994 segundo um acordo com os Estados Unidos, ordenou na sexta-feira passada que a AIEA retirasse seus últimos inspetores do país, uma chinesa e um libanês.
Autoridades da AIEA disseram que iam entregar um informe em uma reunião da agência na próxima segunda-feira. Uma autoridade do governo em Seul disse à agência sul-coreana Yonhap que a partida dos inspetores vai privar a comunidade internacional de informações detalhadas sobre o complexo nuclear de Yongbyon, no norte de Pyongyang.
"Graças aos satélites, seremos capazes de detectar atividades importantes, como a reativação de um reator, mas não haverá nenhum meio de saber concretamente o que acontece ali", destacou.
Pyongyang já tinha desmantelado os equipamentos da AEIA de Yongbyon, visando a retomada das instalações produtoras de plutônio.
A Coréia do Norte diz que deseja produzir eletricidade para compensar a suspensão das remessas de combustível dos Estados Unidos em represália a outro programa nuclear secreto a partir de urânio enriquecido.
Entretanto, Pyongyang deu a entender no domingo passado que pode se retirar do Tratado de não-proliferação nuclear (TNP), que quer limitar a posse de armas atômicas aos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU, Estados Unidos, Rússia, França, Grã-Bretanha e China.
A AIEA avaliou na segunda-feira que uma retirada norte-coreana "seria outro passo inquietante" e um "sério golpe contra a não-proliferação nuclear".
Em Washington, a Casa Blanca advertiu nesta segunda-feira que a continuação do programa nuclear ia custar caro à Coréia do Norte em termos de ajuda.
"O mundo inteiro está pronto para ajudar a Coréia do Norte, mas Pyongyang não vai receber nenhuma ajuda e não terá ajuda até mudar seu atual objetivo", disse um porta-voz do presidente americano George W. Bush.
Entretanto, o dirigente eleito da Coréia do Sul, Roh Moo-Hyun, criticou novamente nesta terça-feira as pressões americanas, pedindo que os interesses de seu país sejam mais levados em consideração.
"Devemos lembrar que um fracasso da política americana para os norte-coreanos seria uma questão de vida ou morte para os sul-coreanos, mas não para os americanos", disse o presidente da Coréia do Sul à imprensa.
O Japão estuda ainda as sanções que poderia impor à Coréia do Norte, entre outras a suspensão do intercâmbio comercial e as transferências de dinheiro, como protesto por seu programa de armamento nuclear, segundo afirmou nesta terça-feira o jornal Yomiuri Shimbun.
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