Um estudo recente realizado pela GBE Peritos e Investigadores Contábeis, uma das líderes no país em serviços de perícia contábil, faz um raio X das fraudes feitas pelos próprios funcionários das empresas brasileiras.
Realizada em 1.511 grandes empresas do país, a pesquisa identificou, entre outros aspectos, que desvios e fraudes feitos pelos empregados podem representar um prejuízo até 10% do faturamento e significar perdas de mais de US$ 1 milhao.
Pelo levantamento, a maior parte dos casos (44,78%) que podem ser práticas de corrupçao, apropriaçao indébita, furtos, pirataria, entre outros se concentra na faixa entre US$ 10 mil e US$ 100 mil e representa 1% do faturamento (85,48% dos casos).
No entanto, segundo o diretor da GBE, Marcelo Alcides Carvalho Gomes, o montante de prejuízos relatados pelas empresas nao reflete a realidade do problema.
Ele avalia que falhas nos controles internos e equipes de auditoria internas reduzidas estao prejudicando a detecçao de crimes financeiros. As perdas por fraude devem girar entre 6% e 7% do faturamento.
De acordo com a pesquisa, os itens contábeis mais visados para as fraudes sao controles de caixa e bancos (17,48%), estoque (16,50%), contas a receber (9,71%) e despesas de viagem (9,71%).
Gomes considera que os empresários brasileiros, em muitos casos, nao prestam a devida atençao à conciliaçao bancária ou aos estoques. Sao as áreas mais difíceis de detectar fraudes, é preciso um acompanhamento cuidadoso.
Na regiao, um grande grupo de varejo que prefere nao ter seu nome divulgado se preocupa com esse acompanhamento. Tem um setor de auditoria que fiscaliza as entradas e saídas de produtos nos estoques por código de barras e fichas. Segundo um de seus gerentes, é calculada até mesmo a perda de peso de mercadorias, por conta do calor. Apesar desse controle, é calculada uma perda de 3% do estoque em funçao dos mais variados desvios, como desperdício, imperícias e pequenas fraudes.
O diretor da GBE alerta que, nos últimos anos, um novo problema surgiu nas empresas brasileiras. Com a mania de reengenharia, foi reduzido o quadro de auditoria interna. Em muitos casos, esse trabalho foi terceirizado. A pesquisa indica que em 53,70% das empresas a auditoria interna é realizada por serviços terceirizados de auditoria.
O diretor administrativo da Davene, de Diadema, Carlos Ribeiro, concorda que os programas de Qualidade Total e de reengenharia acabaram eliminando em muitas empresas a diferenciaçao entre quem executa e quem confere, uma das regras básicas para um controle contábil eficaz. Mantivemos essa diferenciaçao na nossa empresa. Fazemos auditorias internas periodicamente.
O vice-presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de Sao Paulo) e diretor da metalúrgica MRS, de médio porte, instalada em Mauá, Fausto Cestari, concorda que esse acompanhamento é fundamental. Ele afirma que muitas empresas, para cortar despesas, dispensaram serviços de auditoria.
Cestari trabalha com auditores internos na MRS. É muito importante porque sao pessoas que observam com isençao o trabalho contábil e podem dar contribuiçoes para seu aperfeiçoamento.
Pequenas Segundo Gomes, as pequenas companhias também nao estao livres de operaçoes fraudulentas. Ele avalia que os pequenos empresários podem minimizar, embora nao eliminar totalmente, as fraudes internas por meio de regras básicas (veja ao lado as dicas para reduzir os riscos de prejuízos com as fraudes). Uma delas é acompanhar de perto o trabalho da contabilidade e saber interpretar os resultados econômico-financeiros da empresa.
Essa opiniao é compartilhada pelo consultor do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) Luca Galeazzo. É preciso saber como sao gerados os números contidos nos relatórios dos contadores para poder perceber e questionar discrepâncias. Ele também dá outro conselho: É importante que haja controles de estoque e definir a responsabilidade de uma ou duas pessoas por um mesmo estoque.
Mas Galeazzo acredita que nas pequenas indústrias, que produzem sob encomenda, há maiores riscos de fraudes internas. Se nao houver um controle periódico, as perdas sem explicaçao podem superar 10% do estoque.
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