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‘A última coisa que quero da minha vida é uma dança de forró'

A frase descreve bem a animada e resiliente Perpértua Lopes, moradora de Santo André, que completou 100 anos hoje

Gabriel Gadelha
Especial para o Diário
17/02/2024 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Um centenário de vida. A jornada de Perpétua Lopes, moradora do bairro Vila Floresta, em Santo André, é um testemunho vivo de sabedoria, gentileza e resiliência. 

Ela completou, nesta sexta-feira (16), 100 anos de vida. Natural de Registro, no interior de São Paulo, a matriarca mudou-se para Santo André com os sete filhos do segundo casamento no final dos anos 1960.

Dona Perpétu é mãe de 12 filhos e, em uma contagem não oficial, avó de 36 netos. 

Ela desembarcou no antigo Terminal Rodoviário da Luz em 1968, trazendo consigo o tão conhecido sonho de uma vida melhor. “Havia uma luta, naquele tempo era mais difícil a vida. Passei necessidade, passei fome, mas uma coisa eu falo, eu nunca abandonei meus filhos”, relata Perpétua.

Ao chegar em Santo André, foi recebida por Teresa, filha do primeiro casamento e, tempos depois, a nova moradia da família tornou-se a Paróquia Santa Luzia e São Carlos Borromeu, no bairro Vila Príncipe de Gales. Lá a família dividia um quarto e cozinha com os sete filhos no fundo da igreja. 

Em 1970, a família Lopes se mudou para Sacadura Cabral, e se tornou uma das primeiras fundadoras do bairro. Há quase 20 anos, Dona Perpétua vive no bairro Vila Floresta, rodeada por seus filhos.

Desde pequena trabalhando em sítios e fazendas no interior de São Paulo, em Santo André chegou a trabalhar em pensão, vendia limões na rua, até conseguir uma vaga de emprego em uma fabricante de automóveis no ABC, onde se aposentou aos 60 anos. Mesmo com a vida dura, os filhos afirmam que ela nunca tirou o sorriso do rosto.

“Resiliência” foi a palavra usada por eles para definir a mãe. “ Eu louvo a Deus pela saúde dela. O que ela fala pra mim é uma reza, e eu escuto. Eu bato palmas para ela”, agradece a filha mais velha, Angélica Lopes, 70.

Quando questionada sobre como era sua vida, ela recorda com felicidade um de seus hobbies antigos favoritos, a dança. “Eu passei minha vida muito bem, mesmo com todos os problemas. Eu gostava muito de passear, de dançar forró, onde tinha forró eu ia.” 

A comemoração dos 100 anos será neste sábado (17), e um dos pedidos é que o ritmo fosse tocado. “A última coisa que eu quero da minha vida é uma dança de forró.”

Chamada de “raiz” da família pela filha Angélica, os filhos esperam que a longevidade e a vitalidade de Dona Perpétua os inspirem a perpetuar o amor, a compaixão e a união.”Quando eu for embora eu vou contente, porque eu vivi muito. Nunca arriei, nunca desanimei.” conclui a matriarca.




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