O Irã lançou nesta terça-feira, 16, ataques de mísseis contra alvos no Paquistão e no Iraque, visando o que descreveu como bases do grupo armado Jaish al-Adl, o que pode aumentar ainda mais as tensões em um Oriente Médio já agitado pela guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. O Paquistão disse que os ataques mataram duas crianças e feriram outras três, no que descreveu como uma "violação não provocada" de seu espaço aéreo.
O anúncio do Irã foi seguido de confusão, pois os relatos da mídia estatal sobre o assunto logo desapareceram. Entretanto, o ataque do Irã dentro do Paquistão, que possui armas nucleares, ameaça as relações entre os dois países, que há muito tempo se olham com desconfiança, embora mantenham relações diplomáticas.
O ataque também se segue aos ataques iranianos no Iraque e na Síria, ocorridos menos de um dia antes, enquanto Teerã se enfurece após um duplo atentado suicida reivindicado pelo grupo militante sunita Estado Islâmico, que matou mais de 90 pessoas neste mês.
O Iraque foi o primeiro a relatar ter sido atingido por um ataque na região do Curdistão, que, segundo afirmam as autoridades, matou várias pessoas, inclusive uma menina de 11 meses. Horas depois, o governo iraquiano retirou seu embaixador de Teerã e convocou o encarregado de negócios do Irã em Bagdá para protestar contra o ataque.
A agência estatal de notícias IRNA e a televisão estatal do Irã disseram que mísseis e drones foram usados nos ataques no Paquistão. A Press TV, braço em inglês da televisão estatal iraniana, atribuiu o ataque à Guarda Revolucionária paramilitar do Irã.
O Jaish al-Adl, ou "Exército da Justiça", é um grupo militante sunita fundado em 2012 que opera principalmente do outro lado da fronteira com o Paquistão. Os militantes já reivindicaram atentados a bomba e sequestraram policiais de fronteira iranianos no passado.
O Irã lutou em áreas de fronteira contra os militantes, mas um ataque com mísseis e drones no Paquistão não tem precedentes para o Irã. Relatórios iranianos descreveram os ataques como tendo ocorrido nas montanhas da província paquistanesa de Baluchistão.
O Ministério das Relações Exteriores do Paquistão emitiu uma forte repreensão aos ataques.
"O Paquistão condena veementemente a violação não provocada de seu espaço aéreo pelo Irã, que resultou na morte de duas crianças inocentes e feriu três meninas", diz a declaração. "Essa violação da soberania do Paquistão é completamente inaceitável e pode ter sérias consequências."
E acrescentou: "o Paquistão sempre afirmou que o terrorismo é uma ameaça comum a todos os países da região que exige uma ação coordenada. Tais atos unilaterais não estão em conformidade com as relações de boa vizinhança e podem prejudicar seriamente a confiança bilateral".
O ataque com mísseis no Paquistão, um estado com armas nucleares, atingiu uma região montanhosa remota na terça-feira. O ataque no Iraque, que tem laços políticos e militares estreitos com o Irã, atingiu a capital do Curdistão, Erbil, na terça-feira e envolveu mísseis balísticos e drones. Autoridades do governo iraquiano disseram que o ataque matou quatro civis.
Em ambos os casos, as autoridades iranianas disseram que estavam indo atrás de terroristas acusados de estarem por trás dos recentes ataques em seu território que abalaram gravemente os iranianos. Este mês, homens-bomba mataram 84 pessoas em uma procissão em memória de um reverenciado líder militar iraniano e, em dezembro, um ataque a uma delegacia de polícia matou pelo menos 11 policiais. (Associated Press)
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