Nomeação foi encaminhada por Lula para substituir Flávio Dino, que irá para o STF; ex-presidente da Corte foi secretário em São Bernardo
O Grande ABC, sobretudo São Bernardo, está próximo de ter seu segundo ministro no governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesta semana, Lula intensificou o diálogo para contar com Ricardo Lewandowski, ex-ministro e ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e ex-secretário de Assuntos Jurídicos de São Bernardo, para substituir Flávio Dino - o atual ministro foi aprovado pelo Senado para ocupar uma das 11 cadeiras da Corte Suprema do País.
No fim do ano passado, quando definiu Dino como indicado para o Supremo, Lula deu início às negociações para que Lewandowski pudesse substituir o ex-governador do Maranhão. O ex-ministro do STF mostrou resistência em assumir a vaga, e Lula ampliou o leque de possibilidades - incluindo Ricardo Capelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça, e Marco Aurélio de Carvalho, advogado fundador da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia e do Grupo Prerrogativas. Entretanto, Lula se convenceu que Lewandowski é o melhor nome e passou a intensificar o diálogo.
Lewandowski se formou na Faculdade de Direito de São Bernardo e foi secretário de Assuntos Jurídicos nas gestões dos ex-prefeitos Aron Galante e Walter Demarchi. Depois, migrou para o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), onde foi desembargador. Em 2006, foi indicado por Lula para ocupar a cadeira que era de Carlos Velloso. Lewandowski se aposentou compulsoriamente no ano passado por completar 75 anos.
Caso confirme a nomeação de Lewandowski, ele se juntará ao ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho (PT) na Esplanada dos Ministérios – Marinho é ministro do Trabalho. Antes, a região tinha outro nome no primeiro escalão: Rita Serrano, ex-vice-prefeita de Rio Grande da Serra, foi presidente da Caixa Econômica Federal até o ano passado.
ACERTOS
Conforme reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, ministros do Supremo foram avisados pelo Palácio do Planalto de que Lewandowski será o novo titular da Justiça. O anúncio ainda não foi feito porque Lewandowski pediu um prazo para definir os seus auxiliares na equipe, mas a nomeação deve sair até amanhã.
A conversa entre Lula e Lewandowski ocorreu na segunda-feira, no Palácio da Alvorada. O ministério não será dividido e a Segurança Pública continuará sob a alçada da Justiça.
Lewandowski sempre foi contra essa separação. Em conversas reservadas, ele chegou a dizer que o desmembramento do Ministério da Justiça não era uma operação tão simples como “tirar um paletó” porque as estruturas são interligadas. Além disso, ele concorda com Dino, que sempre afirmou que um ministro sem o comando da Polícia Federal fica enfraquecido.
Escolhido por Lula, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, continuará à frente da corporação. O ex-deputado Wadih Damous (PT), secretário nacional do Consumidor, também deve continuar na equipe.
IMPASSE
O Estadão apurou que Dino pediu a Lula a manutenção do secretário executivo Ricardo Cappelli. Este também é um dos impasses para o anúncio de Lewandowski. Ainda não está definido o futuro de Cappelli, que foi interventor na Segurança Pública do Distrito Federal após a tentativa de golpe do 8 de Janeiro. Filiado ao PSB, Cappelli também foi ministro interino da Justiça
O comando do PSB quer a manutenção de Cappelli e também de outros nomes do partido que integram o Ministério da Justiça, como os secretários Tadeu Alencar (Segurança Pública) e Ênio Vaz (Assuntos Legislativos). A Secretaria Nacional de Justiça é ocupada pelo advogado Augusto de Arruda Botelho, que chegou ao cargo com o apoio da advocacia e do grupo Prerrogativas. Botelho foi candidato a deputado federal pelo PSB em 2022, mas saiu derrotado da disputa em São Paulo.
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