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Grande ABC tem 11 geriatras para 186 mil idosos
Javier Contreras e
Samir Siviero
Do Diário do Grande ABC
08/02/2003 | 17:56
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O Grande ABC tem apenas 11 médicos geriatras na rede pública para atender a uma população de 186.349 pessoas acima de 60 anos. Mas a quantidade de profissionais, considerada irrisória por um dos presidentes da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), não é exclusividade da região; em todo o país são poucos os profissionais preparados para tratar de idosos.

Além de poucos geriatras (especialistas que tratam de doenças de idosos) e gerontólogos (profissionais que estudam e trabalham com o processo biológico de envelhecimento), a região ainda tem problemas como a falta de programas voltados para a prevenção de doenças, assistência jurídica, adaptações de acessos, além de centros médicos específicos para tratar dos idosos.

De acordo com as prefeituras e a DIR-2 (Direção Regional de Saúde), São Bernardo tem sete geriatras atuando nas Unidades Básicas de Saúde; São Caetano, um profissional; Diadema, dois; e uma geriatra trabalha no Hospital Estadual de Santo André. “No país inteiro devemos ter cerca de 400 geriatras reconhecidos pela SBGG e, se pensarmos que 40% da população que procura os serviços públicos de saúde têm mais de 65 anos, podemos dizer que essa quantidade de profissionais é irrisória. O mesmo acontece no Grande ABC”, afirmou um dos presidentes da SBGG, Cláudio Henrique Teixeira.

A região tem 186.349 pessoas com 60 anos ou mais, de acordo com o Censo 2000 do IBGE. A quantidade de geriatras na rede pública representa um médico para cada 1.690 idosos.

De acordo com a enfermeira gerontóloga e professora de Saúde do Idoso na Faculdade de Medicina do ABC Ana Paula Guarnieri, a região sofre não só com a falta de médicos especializados. “Para um atendimento especializado de fato, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, professores de educação física, entre outras profissões, devem ter formação específica para cuidar dos idosos.”

Os centros de convivência, grupos de terceira idade e centros de referência são considerados uma boa medida para a vida social dos idosos, para prevenir doenças como diabetes e hipertensão e combater o sedentarismo.

O costume da população em se consultar com um clínico geral e a falta de geriatras faz com que haja dificuldade em detectar mais rapidamente algumas doenças. “A diferença entre um clínico geral e um geriatra é que a formação do clínico não se aprofunda em determinadas áreas e, com isso, ele pode demorar a diagnosticar algumas doenças. Às vezes, um idoso reclama de sonolência e cansaço e pode estar com algum problema cardíaco. Se detectadas no começo, muitas doenças podem não progredir e, por isso, é importante se consultar com um especialista, como o geriatra”, argumenta Teixeira.

Em Santo André, por exemplo, a gerente de Programas de Saúde da Prefeitura, Maria Aparecida Batistel, disse que não há geriatras na rede pública porque o atendimento no Hospital Estadual de Santo André, atende a demanda.

Na pele – A dona-de-casa Maria Martins da Silva Santos, 57 anos, do Parque Capuava, Santo André, é uma vítima do descaso com os idosos. Portadora de labirintite, osteoporose e problemas no intestino, ela não consegue trabalhar e, sem dinheiro para a condução que a leve até um posto de saúde, resolve ir a pé. “Sou obrigada a parar pelo menos cinco vezes durante o caminho até o posto – cerca de 3 km – para sentar e descansar. Eu só vou quando minhas dores são insuportáveis. Mas, às vezes, não adianta nada pois à noite sinto dores muito fortes nas pernas”, disse.




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