Oito a cada dez têm nível superior, mas apenas 3,8% delas são presidentes, diretoras ou gerentes-gerais
Nas indústrias do Grande ABC, 82,2% das mulheres possuem nível superior. Isso significa que oito a cada dez têm diploma universitário, sendo que 38,4% são pós-graduadas e 34,1% têm especialização. A formação, entretanto, não é garantia de que vão ocupar posições de comando. Apenas 3,8% atuam em nível estratégico, em cargos de presidência, diretoria ou gerência-geral. Os dados fazem parte da pesquisa Mulheres na Indústria, idealizado e conduzida pela Verbo Mulher, com a participação da unidade de São Bernardo do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
Segundo Ana Manssour, fundadora e gestora da Verbo Mulher, a escolaridade das colaboradoras que atuam nas indústrias da região chama atenção. “A média nacional é de 19,4% de mulheres com curso superior contra 15,1% de homens”, afirma, baseando-se nas Estatísticas de Gênero do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O estudo revelou ainda que a grande maioria (75,3%) atua em nível operacional (supervisão, chefia de área, encarregadas e operárias). Na sequência aparecem as de nível tático (média gerência, chefia de departamento e coordenação), que correspondem a 20,3%. Outro dado importante mostrado pela pesquisa é que 88,4% apontam maior dificuldade de crescimento profissional, quando comparadas aos homens.
Dentre as mulheres que participaram da pesquisa, 80,8% são trabalhadoras contratadas em regime de CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), 6,7% são estagiárias, 1% terceirizadas e 2,4% são proprietárias ou sócias.
No desempenho das rotinas diárias na indústria, 19,7% entendem que é preciso endurecer ou se masculinizar para se fazer respeitar e outras 47,6% delas disseram que às vezes isso é necessário.
NA PRÁTICA
Liliana Ribeiro, 65 anos, trabalha há 50 na Trefilação União de Metais, em São Bernardo. A gerente financeira acompanhou a evolução da participação das mulheres na indústria. “Quando entrei, só tinha duas mulheres aqui. Desde que comecei, sempre tive supervisores ou diretores homens, hoje em dia eu sou gerente, então as coisas mudaram”, diz.
Lucivalnia Bertholdo Silva, 35, é técnica de segurança na mesma empresa. Ela destaca que na sua área de atuação, mesmo com o passar do tempo, ainda existe desequilíbrio de gênero. “Em muitos lugares que já trabalhei, deu para perceber que é um setor em que encontramos muito mais homens do que mulheres. Hoje em dia os tempos mudaram, e é mais tranquilo lidar com a situação, mas a intimidação de trabalhar em um ambiente quase que majoritariamente masculino, sempre prevalece”, afirma.
METAS
O Grande ABC possui 10.676 indústrias nas sete cidades e em várias delas há exemplos de tentativas de mudança de perfil. O Grupo Thales, que em São Bernardo possui uma unidade, a Omnisys, estabeleceu algumas metas em 2019, entre elas a de ter pelo menos três mulheres em 75% de seus comitês de gestão até 2023. O resultado foi alcançado em dezembro de 2022. Outro ponto era ter mulheres em 20% dos cargos de gestão mais elevados até o fim deste ano. Houve um crescimento de 19,4% na ocupação, segundo a empresa.
Colaborou Jaque Corrêa
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