Dentre as companhias que deixaram o município durante os dois mandatos do prefeito Orlando Morando estão a Ford e a Toyota
Nos últimos nove anos, 14 grandes empresas deixaram São Bernardo. Nove delas durante o governo do prefeito Orlando Morando (PSDB). Dentre as companhias que saíram do município neste período estão a Ford (2019), que empregava 2.700 funcionários diretos e 1.000 indiretos, e a Toyota (2023), com 500 (confira a relação de indústrias na arte).
Com exceção da Ford, que encerrou as atividades no Brasil e fechou as unidades de São Bernardo e de Camaçari (Bahia), as demais migraram para o Interior de São Paulo ou para outros Estados.
A Toyota anunciou que deixaria o município em abril do ano passado, concentrando suas operações em Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz. Na última quinta-feira realizou o desligamento dos últimos 150 operários, cinco dias depois de ter definitivamente encerrado a produção na fábrica de São Bernardo, a primeira da montadora fora do Brasil, colocando fim a uma história de seis décadas.
Na nota sobre o encerramento, a empresa deixou claro que manter a fábrica de peças em São Bernardo já não era interessante.
“A concentração estratégica das operações no interior de São Paulo oferece oportunidades de crescimento para a Toyota na competitividade da companhia diante dos desafios do mercado brasileiro”, declarou por nota.
O diretor da unidade do Ciesp (Centro da Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Mauro Miaguti, diz que o êxodo de empresas vai além da guerra fiscal entre municípios.
“É necessário que exista um ambiente amigável para empreender. Que facilite e desburocratize várias questões, desde meio ambiente até segurança. No Interior esse ambiente acaba sendo muito mais atrativo. O segundo ponto é a questão de mão de obra qualificada, de inovação. E o terceiro ponto é a questão de impostos, de tributos”, aponta.
Miaguti afirma que a desindustrialização é um fenômeno que ocorre no Grande ABC há pelo menos duas décadas, e que uma alternativa seria a criação de um distrito de inovação, onde as empresas poderiam, juntas, buscar soluções para as suas demandas.
IMPACTO
Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), o encerramento das atividades da Ford em São Bernardo teve reflexo em 27 mil trabalhadores, se contada toda a cadeia de produção, gerando um impacto financeiro de R$ 600 milhões por ano. Além disso, se for colocado na conta as famílias dos funcionários, o número chega a 108 mil pessoas atingidas.
No caso da Toyota, cerca de 150 trabalhadores aceitam o convite da empresa e seguiram para as unidades do Interior. Os demais aceitaram o PDV (Plano de Demissão Voluntária) negociado entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
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