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Greve da Receita afeta fábricas do Grande ABC
Por Anderson Amaral
Do Diário do Grande ABC
Com AE
27/06/2006 | 08:10
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A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que entra hoje no 56º dia, começa a pôr em risco a produção de empresas de vários setores que dependem de matéria-prima e peças importadas. A DaimlerChrysler, fabricante de caminhões e ônibus de São Bernardo, por pouco não teve de paralisar a linha de montagem na semana passada.

A montadora recebe semanalmente componentes vindos da Alemanha, que são montados em câmbios, motores e eixos. Estes, por sua vez, são destinados ao mercado doméstico ou posteriormente exportados para Europa e Estados Unidos. Do Porto de Santos, a carga segue para a Eadi (Estação Aduaneira do Interior) de Santo André e, de lá, vai para a fábrica.

A liberação de grande parte da carga, o que ocorreu na sexta-feira passada, permitiu a continuidade da produção até o fim desta semana. A DaimlerChrysler admite, no entanto, que o risco de paralisação não está descartado, na medida em que a interrupção do abastecimento de componentes em uma semana compromete a produção da semana seguinte.

Há alguns dias, o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) conseguiu liminar que assegurava a fiscalização e liberação nos portos de produtos das 9 mil empresas associadas à entidade.

Nada – No Grande ABC, os 37 auditores da delegacia de Santo André e os 34 de São Bernardo estão parados, segundo Dirceu Mitio Murakoshi, delegado regional da Unafisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal). “O governo federal ainda não ofereceu nada convincente”, afirma.

Na semana passada, o governo acenou com reajuste de 3,31% para os auditores ativos em início de carreira e 9,94% para os que estão em fim de carreira, mas a oferta foi considerada “ofensiva” pela categoria. Na avaliação da Unafisco, os índices não repõem as perdas inflacionárias dos últimos anos.

Em todo o Brasil, 70% dos 6 mil auditores cruzaram os braços, segundo a entidade. Eles reivindicam o aumento do piso da categoria dos atuais R$ 7,5 mil para R$ 16 mil e do teto de R$ 10 mil para R$ 20 mil, além da implementação de um plano de carreira para a categoria.

Prejuízo – Na Zona Franca de Manaus, cerca de 40% das operações estão comprometidas, o que gera um prejuízo de US$ 33 milhões ao dia, segundo o Cento das Indústrias do Amazonas.

Além do prejuízo ao comércio exterior, a greve também atrapalha a administração tributária, já que 80 mil declarações de Imposto de Renda que caíram na malha fina entre 2001 e 2006 deixaram de ser analisadas desde o início da paralisação, segundo estimativa da Unafisco.




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