A admiração da atriz Beth Goulart pelo trabalho de Clarice Lispector transcendeu o simples contato com as páginas dos livros. Para Beth, o encontro das duas é “de alma”. Essa conexão se materializou no espetáculo Simplesmente Eu, Clarice Lispector, monólogo estrelado e dirigido pela atriz. Nele, a escritora ucraniana e as outras personagens de suas obras ganham vida e perpassam por temas como amor, solidão e fé.
Na mesa literária “Clarices: persona e personagem”, que acontecerá neste domingo, às 17h30, na 2ª edição da Flirp (Feira Literária de Ribeirão Pires), Beth Goulart relata sobre o processo de imersão para que a peça se tornasse realidade e também como Clarice a inspirou para escrever o próprio livro.
“Foi um trabalho de dois anos de pesquisa, três meses de preparação, dois meses de ensaio e uma vida inteira de relação com a obra de Clarice. Sou uma admiradora desde os meus 13 anos. O primeiro livro que li dela foi Perto do Coração Selvagem (Rocco, 1998). Na adolescência, você vive muito o seu mundo interior. Então, eu sentia que só a Clarice me entendia”, declara em entrevista exclusiva ao Diário.
Na peça, além de uma homenagem à escritora ucraniana, Beth interpreta Joana, do livro Perto do Coração Selvagem; Ana, do conto Amor; Lóri, da obra Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (Rocco, 1998); e a personagem do conto Perdoando Deus, que não tem nome. “No Cartas Perto do Coração (Record, 2001), livro de Clarice Lispector e Fernando Sabino, foi a primeira vez que a enxerguei como personagem e pensei que seria bonito fazer um espetáculo em que o público conhecesse um pouco mais do ser humano por trás da autora.”
Clarice também foi fundamental para que Beth Goulart despertasse como escritora. Em 2022, a atriz lançou a obra Viver é uma Arte: Transformando a Dor em Palavras (Letramento), que conta sobre o luto em relação à morte da mãe Nicette Bruno.
“Eu e minha mãe íamos escrever esse livro para falar sobre o processo de perda do meu pai (Paulo Goulart), mas, durante o preparo, tornou-se sobre a perda dela. As palavras de Clarice me ajudaram muito. Era como se ela me dissesse: ‘vai, confia na sua intuição’. Isso fez com que eu deixasse a escrita fluir.”
As mesas literárias da Flirp acontecem no Palco Clarice, localizado na Rua Felipe Sabbag. “Quanto mais pessoas puderem ler e serem transformadas pelas obras de Clarice, melhor. Estaremos, assim, cumprindo nossa função como comunicadores”, diz Beth.
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