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Um a cada três casos de câncer de mama pode ser curado

Descobrir a doença em fase inicial ajuda no tratamento, segundo Inca; Outubro Rosa reforça importância de exames periódicos

Beatriz Mirelle
Do Diário do Grande ABC
09/10/2023 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Um a cada três casos de câncer de mama pode ser curado com o diagnóstico logo no início da doença, de acordo com levantamento do Inca (Instituto Nacional de Câncer). As ações preventivas para que a descoberta não seja tardia são o principal objetivo da campanha de conscientização do Outubro Rosa, que busca aumentar a incidência de mamografias. Em 2023, estima-se 73.610 novos casos confirmados no Brasil.

“É recomendado fazer o exame a partir dos 40 anos, de forma anual, porque, quando chega a menopausa (última menstruação), a mama começa a substituição do tecido mamário por gordura. Conseguimos enxergar vários detalhes da mama na radiografia. Quando aparecem microcalcificações, que são alterações bem pequenas, parecidas com pedrinhas, isso pode gerar suspeita de câncer”, diz o oncologista Daniel Gimenes, da Oncoclínicas em São Paulo. 

De acordo com o médico, quando o câncer de mama já está em uma fase mais avançada, o paciente percebe um abaulamento em alguma região da mama, sente dor e um avermelhamento no tecido mamário, podendo até evoluir para sangramento no mamilo. “Quanto mais inicial estiver o câncer, maior a chance de cura do paciente.”

O autoexame também é uma forma de perceber alterações na mama, mas, por não ajudar a identificar lesões menores, não descarta laudos clínicos. Para pessoas que têm histórico familiar de casos de câncer de mama, o oncologista recomenda que comece o acompanhamento dez anos antes da idade que o familiar foi diagnosticado. “Se a mãe teve o resultado com 45 anos, a filha deve começar o rastreamento aos 35, por exemplo. É muito difícil identificar alterações iniciais em mamas de pessoas nessa faixa etária, mas pode acontecer”, pontua o médico.

Além do histórico familiar, o Inca declara que características como primeira menstruação antes dos 12 anos, primeira gravidez após os 30 anos, menopausa após os 55 anos, uso de contraceptivos hormoniais ou reposição hormonal por mais de cinco anos, assim como sedentarismo e alcoolismo são fatores de risco para o câncer de mama. 

Quando Eliane Monteiro Marques, 64 anos, moradora do Rudge Ramos, em São Bernardo, descobriu o câncer em 2015, a autoestima dela foi abalada pelos tratamentos e sintomas da doença. O diagnóstico veio após ela notar um caroço na mama e fazer exames para verificá-lo. “Fiquei muito assustada e insegura. Fiz quimioterapia, radioterapia e cirurgia. A equipe médica era boa no tratamento, mas enfrentar a parte emocional era muito difícil. Se naquela época eu tivesse conhecido outras mulheres que aguentaram a quimioterapia e enfrentaram o câncer, eu teria passado por essa fase de uma maneira melhor”, diz. 

No período que esteve em tratamento, ela não conseguiu esse respaldo. Por isso, pensando em ajudar outras pessoas compartilhando suas vivências, hoje Eliane é voluntária e acompanha os encontros da Associação Recomeçar é Possível, de São Bernardo.

Criada em 2013, a instituição é um grupo de apoio e orientação para mulheres em tratamento contra o câncer de mama. Elas se reúnem toda quarta-feira, a partir das 14h, em uma sala na Pró Pharmacos Farmácia e Manipulação, na Rua Caraíbas, número 19. “As reuniões são de voluntárias, membros do conselho e outras mulheres interessadas. Compartilhamos histórias e apresentamos novas pessoas. É uma forma de elevar o astral”, detalha Eliane. A Associação também doa turbantes, lenços, perucas e próteses externas feitas pelas próprias voluntárias para que sejam usadas por pessoas mastectomizadas. 

CONFIANÇA

Muito se fala sobre todos os procedimentos clínicos exigidos quando o diagnóstico do câncer é recebido, mas a carga emocional também é determinante para a recuperação do paciente. 

Na observação de Eliane, o câncer de mama interfere diretamente com a vaidade da mulher. “Os tratamentos mexem com a mama e o cabelo. Duas coisas que representam muito para as mulheres. As perucas ajudam na recuperação da autoestima”, comenta. “Quando você recebe um diagnóstico, toda família recebe junto, principalmente as mulheres da família. O apoio é fundamental, mas nem todos têm isso. Por isso, servimos de aliadas nesse momento difícil.”

Cidades se mobilizam pelo Outubro Rosa

O Grande ABC intensificou a agenda para que durante todo o mês pudessem acontecer ações de conscientização para o diagnóstico precoce do câncer de mama. No dia 17, das 12h às 16h, a Prefeitura de Santo André fará a ação educativa “Saúde ao Alcance das Mãos”, no Calçadão da Oliveira Lima. Ao longo do mês, terão mutirões com 4.000 exames de mamografia e 3.000 de ultrassom (de mama e transvaginal). Na cidade, de janeiro a setembro deste ano, 92 pessoas entraram em tratamento contra a doença. A referência municipal para atendimento é o Hospital da Mulher. 

A tradicional caminhada da ONG (Organização Não Governamental) Viva Melhor no Outubro Rosa, marcada para ontem, foi cancelada por causa de questões climáticas. A nova data ainda não foi divulgada pela instituição.

Em São Bernardo, haverá carreta de mamografia passando por pontos específicos da cidade até o final do mês. Serão realizados, em média, 27 exames por dia para mulheres de 50 a 59 anos sem agendamento e para as demais idades conforme encaminhamento pelas UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Hoje, amanhã e quarta-feira, a carreta ficará no Hospital da Mulher, na Alameda Princesa Isabel, 41. Nos dias 16 e 17, na UBS Baeta Neves (Rua Giacinto Tognato, 1.100). No dia 18, na UBS Vila Euclides (Rua Anunciata Gobbi, 165). Em 19 de outubro, na AVCC (Associação de Voluntários Para o Combate ao Câncer), na Rua Tiradentes, 587. No dia seguinte, segue para a UBS Vila São Pedro II (Rua Santo Antônio, 300). Durante 23 a 27 de outubro, fica na Praça da Igreja Matriz, no Centro, e termina na UBS Selecta (Rua Oswaldo Stuchi, s/nº) nos dias 30 e 31. O serviço fica aberto das 8h às 17h, com último bloco de atendimento às 16h.

São Caetano também fará o serviço com carreta, das 8h às 17h. De hoje até quarta, fica na Praça Maria Salete Bento Cicaroni (Alameda São Caetano, 1.687). Entre 16 a 21 de outubro, vai para a Avenida Fernando Simonsen, 566. Finaliza na Praça dos Imigrantes, Rua Benito Campoi, 67, com ações nos dias 23 a 28, 30 e 31.

O Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher) da Avenida Humberto de Campos, 70, em Ribeirão Pires, abre as portas entre 16 a 27 de outubro, de segunda a sexta, para realizar mamografia e papanicolau sem necessidade de encaminhamento. No dia 21, das 8h às 13h, o local terá palestra sobre o Outubro Rosa. 

Hoje, em Diadema, das 8h30 às 10h30 e das 14h às 16h, haverá palestras Abraço Solidário – Luta contra o câncer de mama promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, na Avenida Antônio Piranga, número 1.106, no Centro. Até 25 de outubro, as campanhas de doação de lenços acontecem no Hospital Municipal de Diadema. Avenida Piraporinha, 1.682 – Piraporinha. 

Na cidade, a Prefeitura oferece o serviço de mamografia de rotina, mediante encaminhamento da UBS ou da equipe de mastologia do serviço especializado tanto para pessoas cisgênero quanto para pessoas trans. Caso haja alteração no exame, os casos são encaminhados para a rede Hebe Camargo.




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