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Conselho retira tombamento de árvores da Emeb Lauro Gomes

Modificação do Compahc foi feita dois dias após a morte de Isadora Custódio, atingida por galho de espécie que fica dentro da escola em S.Bernardo

Raphael Rocha
Thainá Lana
26/09/2023 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Dois dias depois que a pequena Isadora Custódio, 5 anos, morreu vítima de queda de galho de árvore dentro da Emeb Lauro Gomes, no Bairro Rudge Ramos, em São Bernardo, o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural da cidade retirou a espécie localizada no interior do colégio da lista de patrimônios tombados do município.

Desde 2018 a Prefeitura de São Bernardo não suprimia a falsa seringueira do playground da unidade escolar alegando que o tombamento histórico impedia a realização do corte. Entretanto, somente após dois dias da tragédia é que a administração do prefeito Orlando Morando (PSDB) se mobilizou.

A solicitação para remoção da árvore foi encaminhada para o Compahc-SBC em regime de urgência para ser analisada no dia 13 (Isadora morreu no dia 11) – ou seja, não estava inicialmente pautada na reunião de deliberações do órgão. Os conselheiros aprovaram a supressão da vegetação do local.

O Diário mostrou no dia 12, um dia depois da morte da jovem Isadora, que uma cartinha escrita por estudantes da Emeb Lauro Gomes, em 2018, pedia ao prefeito Orlando Morando que podasse ou retirasse a árvore. À ocasião, o playground estava interditado justamente porque havia riscos à integridade das crianças.

O jornal também apresentou requerimento formulado pelo hoje secretário de Desenvolvimento Econômico, Hiroyuki Minami (PSDB), pedindo a poda de árvore. O documento é de 2020, época em que Minami estava como vereador do município.

Ao portal Metrópoles, a Prefeitura informou que técnicos da administração foram à Emeb nas últimas semanas e constataram que não era preciso remover a espécie do local – apenas a realização de uma poda “mais acentuada”.

A administração Morando não respondeu os questionamentos da equipe do Diário, que perguntou por qual motivo só agora veio o aval para o corte da árvore.

Fato é que, depois de duas semanas de trabalho, todas as árvores da Emeb Lauro Gomes estão sem vegetação alguma – sofreram a poda drástica.

Toda a área da Emeb Lauro Gomes está inscrita como patrimônio histórico de São Bernardo, assim como o largo São João Batista, ao lado da escola municipal. E, como mostrou o Diário, diferentemente da unidade escolar, o largo São João Batista sofreu diversas alterações arquitetônicas, com supressão de árvores, inclusive, ao longo do tempo.

O caso é acompanhado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. A oposição ao prefeito Orlando Morando aponta negligência da administração no episódio.

Promotoria de Justiça Criminal apura morte da aluna atingida por árvore

As investigações sobre o caso da menina morta após ser atingida por uma árvore em uma escola de São Bernardo seguem sob sigilo. Nenhuma nova informação sobre o caso foi revelada pela SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) ou pela delegada Priscila Camargo, responsável pela apuração. Foi decretado sigilo no caso por envolver um menor de idade.

Além da Polícia Civil, o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) também investiga as circunstâncias da morte da pequena Isabela Custódio, 5 anos, que morreu no dia 11 de setembro enquanto brincava no parquinha da Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Lauro Gomes, localizada no Bairro Rudge Ramos.

Segundo informou o órgão, a investigação está sendo conduzida pela Promotoria de Justiça Criminal. Questionado sobre o assunto, o MP não revelou informações sobre o andamento da apuração.

Até o momento, não foram divulgados os resultados da perícia que foi realizada no local do acidente logo após o ocorrido.

O que se sabe até agora da investigação é que quatro funcionárias da Emeb Lauro Gomes prestaram depoimento no dia em que a menina morreu. A polícia não informou se mais testemunhas foram intimadas a depor. No BO (Boletim de Ocorrência) sobre o caso, o óbito foi registrado como suspeito/acidental. 

Questionada sobre o assunto, a SSP não revelou se alguém da Prefeitura de São Bernardo foi ou se será acionado para depor sobre o caso. Uma vez que a administração pública foi avisada, pelo menos por quatro vezes, sobre o risco de acidentes na Emeb Lauro Gomes por falta de poda de árvore. 

Os pedidos para o serviço de poda na unidade infantil foram realizados há pelo menos cinco anos antes do acidente. Em 2018, os pais dos alunos solicitaram para Prefeitura o corte da árvore.

Por conta do risco à segurança dos estudantes, a diretoria da Emeb Lauro Gomes chegou a interditar o parquinho por três meses. Por conta da falta de atividades ao lar livre, os próprios estudantes escreveram uma carta pedindo ajuda para o prefeito Orlando Morando (PSDB). “

Por favor, venha a nossa escola, pois precisamos que a árvore do parque seja cortada. Pede para uma pessoa com um machado ou uma enxada para cortar a árvore. Queremos muito voltar a brincar no parque, mas a árvore pode cair e machucar a gente”, dizia a carta dos estudantes.

Segundo documento do MP, no mesmo ano, a própria Secretaria de Educação chegou a pedir para Paço a retirada da árvore, que vitimizou a criança, e é classificada como falsa seringueira. 

Em 2019, o vereador Julinho Fuzari (PSC) enviou um ofício a Prefeitura sobre o assunto, e sem retorno do Executivo, o parlamentar acionou o MP para apurar o caso. Na época, o caso foi arquivado “após providências cabíveis”, conforme justificou o órgão.

No ano seguinte, em 2020, o atual secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Trabalho e Turismo de São Bernardo, Hiroyuki Minami, acionou a Prefeitura sobre a necessidade de realizar o serviço de poda de árvore na Emeb.

Dois dias após o incidente na Emeb, o deputado estadual Luiz Fernando (PT) denunciou a Prefeitura de São Bernardo ao MP por negligência em relação à morte da pequena Isadora.

No documento, o parlamentar aponta negligência do Paço em relação à manutenção da unidade de ensino, e destaca a carta assinada por alunos da Emeb solicitando a poda de árvore, assim como a denúncia, em 2018, realizada pelos pais dos estudantes devido à dificuldade de solicitar o serviço ao Paço.




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