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De Diadema, grupo de Breaking disputa torneio na Europa

Após vencer eliminatórias contra equipes de todo o País, equipe que treina na região vai à França dar primeiro passo para maior sonho: o título mundial

Renan Soares
Do Diário do Grande ABC
09/09/2023 | 08:00
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Claudinei Plaza/DGABC


 Campeã mundial de Breaking (dança urbana) com o grupo Funk Fockers, em 2015, a cidade de Diadema começa a sonhar novamente em chegar ao ponto mais alto do mundo na modalidade. É no Jardim Canhema, na Casa do Hip Hop, que um grupo de quatro jovens dá o primeiro passo para o título, seu maior sonho, treinando para representar o Brasil no próximo ano na Hip Hop New School, competição de Breaking em Nantes, na França, após vencer eliminatórias contra equipes de todo o País.

O coletivo Mac Fly Mob (@macflymob no Instagram) é composto pelos b.boys: Gabriel José Perez, 24 anos, conhecido como Biel Mac Fly (@bielmacfly); Wesley Pereira de Sousa, 24, o West (@west_macfly); Arthur Dorá Alves, 25, o Zeus (@zeustherawz); Denilson Alves dos Santos, 27, o Baby (@bboy.baby); e o mentor, Wesley de Oliveira Santos, de 29 (@wesleymacfly). A equipe agora parte para competir na Hip Hop New School, contra times internacionais. 

O evento, que acontece na França, contou com diversas eliminatórias pelo mundo, sendo uma delas na última semana, em São Paulo. A crew, como chamam a equipe, foi convidada a participar das disputas – nomeadas Battle New School – após se destacar no cenário do Breaking, e acabou vencendo o torneio contra outras 15 equipes de todo o Brasil, o que também garantiu a viagem para a Europa, onde deve competir no início do próximo ano, entre janeiro e fevereiro. 

O grupo existe há cinco anos, graças a amizade de Biel MacFly e West, ambos do Jardim Canhema, em Diadema. Concentrado primeiramente em apresentações, o grupo decidiu mudar o foco em 2023, iniciando sua participação em competições. Ganhando visibilidade em disputas nacionais, e com a adição dos paulistanos da Zona Leste Zeus e Baby ao grupo, a Mac FLy quer agora levar uma apresentação com estilo único, jamais vista em solo europeu. 

“Essa é uma das primeiras vezes que um grupo brasileiro diferente vai para fora do País, pois na maioria era sempre os mesmos. Vamos apresentar uma coisa nova”, diz Biel. “Vamos conhecer um país novo, ter um choque cultural em sua forma mais positiva, mas a expectativa máxima é sempre ganhar. Queremos nos divertir, claro, mas mesmo assim o objetivo é vencer, dando nosso melhor”, finaliza o b.boy, que destaca a importância da viagem para o progresso do grupo.

O nome, conforme explica West, vem do filme De Volta para o Futuro, de 1985, pois no começo, os membros diziam que vinham do futuro e, por isso, as pessoas não compreendiam seu jeito de dançar. “Era prepotência nossa, mas, ao mesmo tempo, foi o que nos trouxe autoestima. Já o Mac porque representa uma gíria do Rio de Janeiro, que diz que algo está tranquilo”, afirma West, que conheceu a dança por meio de um jogo de videogame, e já frequenta a Casa do Hip Hop há quinze anos, sendo hoje oficineiro no local com o amigo de longa data, Biel. 

Arthur, o Zeus, conheceu Biel e West por meio de eventos, e se juntou ao grupo no último ano, fazendo parte também da crew Natural Brotherhood. Se definindo como o técnico da equipe, Wesley veio de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, mas teve na música seu principal refúgio no início da carreira. Após aumentar seu conhecimento sobre o hip-hop, o artista logo ‘mudou’ de profissão. Hoje, em São Paulo, Wesley foi chamado para a crew para coordenar o grupo: “sou a pessoa que está fora, dando suporte para eles”. Já Baby, dá aulas de dança, e começou no Breaking por meio de um DVD, no qual repetia os passos vistos em tela. 

Ser campeão do mundo é um dos sonhos do jovem time, inspirado no grupo Funk Fockers, coletivo brasileiro de Breaking formado em 2009, com membros de Diadema, que conquistou o título mundial da modalidade no prestigiado evento de Hip Hop, Hip Opsession, na edição 2015. Além disso, os integrantes querem, com seu trabalho, garantir a independência financeira, abrindo caminhos para todos da cena que, assim como eles, sonham em crescer.

“Queremos colocar nosso nome no mapa. No Brasil, algumas coisas são muito difíceis para nós, como passagem e estadia cara para eventos no exterior. Temos que fazer com que as pessoas olhem para o Brasil de outra forma, para que também os grandes eventos venham para cá, e assim não precisemos sempre almejar ir para fora,” diz Zeus. “Mas é importante sempre lembrarmos quem veio antes e pavimentou toda essa estrada de 50 anos de Hip Hop. Iremos para a França porque tivemos muitas pessoas que nos ensinaram, e que também foram ensinadas por outras pessoas”, finaliza Zeus.

OLIMPÍADAS

O Breaking vêm ganhando cada dia mais popularidade, já que, em 2024, estará nos jogos olímpicos de Paris. Baby, porém, relembra que muitos não têm espaço para treinar, aprendendo em espaços que não são aptos para o desenvolvimento na modalidade, e avalia a oportunidade como “para poucos”. 

“Tive uma boa pontuação no campeonato nacional, e tinha muita expectativa. Dizem muito sobre o Breaking nas Olimpíadas, mas não é toda a galera que vai ter essa chance”, afirma Denilson, o Baby, que ficou em 4° lugar no campeonato nacional ranqueado no ano passado. “Às vezes, até me sinto privilegiado pelos trabalhos que faço, porque isso não chega a vários meninos com o mesmo potencial que eu. A Olimpíada é bacana, mas não é para todos”, avalia Baby. Mesmo com destaque, a Mac Fly também aguarda por patrocinadores.




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