Semelhante a um cão que corre atrás do próprio rabo, o pop se alimenta de suas próprias referências para criar novos hits e mexer com as estruturas do mercado fonográfico. Nesses tempos de relações virtuais e múltiplas fontes de informação, uma das ‘ferramentas de reciclagem musical’ mais poderosas é o mash up (misturar, em inglês), prática que consiste na justaposição de trechos de duas músicas ou mais, e resulta em uma nova canção.
Para se ter uma idéia da importância desse conceito no atual cenário musical, basta lembrar que até uma das maiores instituições do rock, os Beatles, se rendeu à mistura de sonoridades. O novo disco do lendário quarteto britânico, Love, já disponível em prateleiras nacionais, reúne colagens de sucessos da banda, criadas pelo ‘quinto’ beatle, o produtor George Martin, em parceria com seu filho, Giles.
Essa não é a primeira vez (e, provavelmente, não deve ser a última) em que um artista ousa misturar sonoridades pinçadas do repertório dos fab four. Em 2003, o DJ norte-americano Danger Mouse ajudou a popularizar o mash up ao promover a fusão do disco The Beatles, gravado em 1968 e que ficou conhecido como White Album (álbum branco), ao Black Album, do Jay-Z. O resultado ganhou título de Grey Album (álbum cinza) e se tornou hit instantâneo na internet.
Depois de ter sofrido ameaça de processo por parte da gravadora EMI, detentora dos direitos do grupo de Liverpool, Mouse deu a volta por cima, com o Gnarls Barkley, dupla formada por ele com o MC Cee-lo, que se tornou um dos grande sucessos deste ano.
Diversidade – A lista de artistas que já se serviram do mash up, recurso que também pode ser aplicado para designar a fusão de imagens, contém músicos de diversos estilos. Entre as fusões mais conhecidas estão a da cantora pop Christina Aguilera com o grupo de rock nova-iorquino Strokes, na música Stroke of a Genius (misto de Genie in a Bottle, de Christina, e Hard to Explain).
Outro caso de hibridismo improvável é God Only Knows Billie Jean, que fica no meio do caminho entre God Only Knows, dos Beach Boys, e Billie Jean, de Michael Jackson.
Vídeos – No YouTube, há milhares de vídeos disponíveis com mash ups interessantes, entre eles o que mescla trechos da música Don’t Phunk With My Heart, do grupo de hip hop Black Eyed Peas, e Fortunate Son, dos veteranos roqueiros do Credence Clearwater Revival. O resultado é pra lá de dançante.
Em Bowie Spears Mash Up, o grudento hit Toxic, da musa teen Britney Spears, se mistura ao vocal grave de David Bowie na canção Little Wonder.No vídeo When Rap Met Rock, o polêmico e desbocado Eminem manda suas rimas com o auxílio das guitarras do Metallica, que tornam ainda mais pesados seus versos sobre sexo e violência.Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.