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Jovens tentam proteger sinagoga em colônia da Faixa de Gaza
Da AFP
17/08/2005 | 10:16
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A fumaça das barricadas se misturava aos cânticos e às lágrimas de centenas de ativistas e colonos que protegem a sinagoga de Neve Dekalim dos soldados que correm as ruas da colônia para desocupá-la.

Mais de mil jovens se concentraram no local sagrado sem temer a entrada das forças de ordem para o desalojamento.Muitos deles passaram a noite em vigília na sinagoga, esperando a possibilidade dos soldados decidirem desocupá-la ainda durante o período da noite.

"Nós ficaremos aqui até que os soldados venham nos tirar. Na gente, só poderão tocar mulheres militares", afirma de forma desafiante Noa, um jovem de Jerusalém que vive há cinco semanas em Neve Dekalim.

Desde que o sol saiu, estes ativistas se uniram a dezenas de colonos, a maioria homens, que vinham realizar suas orações matinais - talvez a última na sinagoga.Trechos do Livro das Lamentações, sobre a retirada do povo israelense, foram o tema principal das pregações.

"Esta terra sempre será nossa e um dia voltaremos. Não encontramos outros locais, mas Deus nunca nos abandonou", disse o rabino Harav Mordechay. Suas palavras provocaram lamentos entre as mulheres, que se abraçavam. Muitas olhavam com preocupação sobre as janelas, de onde era possível escutar os ruídos dos enfrentamentos e o cheiro de queimado deixado pelas barricadas.

"Nossos pais nunca teriam acreditado que passaríamos por situação semelhante: um judeu expulsando um igual da Terra de Israel", destaca o rabino.

Os colonos retiraram a Torá, as escrituras sagradas judaicas, que agora terá de ser levada para outro ponto dentro de Israel. "Esperamos que esta Torá, que hoje é expulsa de Neve Dekalim, possa voltar um dia a esta terra", destacou o rabino sem conter o choro.

Alguns homens decidiram sair para o encontro com os soldados, que não estão armados e que decidiram a princípio limpar as ruas de ativistas a fim de se concentrar em seguida nos colonos. Muitos dos jovens são arrastados à força ao interior dos ônibus por vários agentes e transportados para fora da Faixa de Gaza.

"Que loucura é esta? Como pode tratar um irmão assim? Soltem-me traidores!", gritava Ethan, um jovem estudante de Química, residente em Jerusalém, tentando se livrar dos agentes que o colocavam à força em um dos veículos militares.

Ao mesmo tempo, a Torá começa a passear pelas ruas de Neve Dekalim. No momento em que a polícia corta os acessos aos religiosos, o rabino passa o livre sagrado, guardado em um grande recipiente de prata e tecido vermelho, ao comandante da polícia e a vários soldados, que a beijam e passam a carregá-la eles mesmos sob os olhares da multidão.




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