O presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, negou nesta quarta-feira "ter cedido à chantagem" do ETA ao conceder uma prisão atenuada a um preso em greve de fome. O chefe de Estado lembrou as ações adotadas pelo conservador PP (Partido Popular) quando estava no poder.
Sério e firme, Zapatero, do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), defendeu a decisão de conceder o benefício da prisão atenuada ao preso etarra José Ignacio de Juana Chãos. O detento fez uma greve de fome de mais de 100 dias para protestar contra uma nova condenação por ameaças em dois artigos jornalísticos escritos por ele.
O PP criticou a decisão e convocou uma manifestação em Madri para o próximo sábado. "De Juana Chaos é um assassino, mas não cumpria condenação por assassinatos. Cumpriu há tempo esta condenação. Agora cumpria por ameaças da qual restava um ano e meio", lembrou Zapatero, que insistiu na aplicação da "legalidade".
Em uma duríssima intervenção, o porta-voz do PP, Pío García Escudero, acusou Zapatero de "ter humilhado a sociedade espanhola ao ceder à chantagem de um terrorista do ETA, além de ser incapaz de defender os princípios mais sólidos da democracia".
Então, partindo para o ataque, lembrou que durante o governo do PP (1996-2004) liderado por José María Aznar, 306 membros do ETA foram liberados da prisão, sendo que 54 deles cumpriam condenações de entre 30 e 327 anos".
"Como vice-presidente do governo, o atual líder do PP, Mariano Rajoy, autorizou a libertação de Iñaki Bilbao, que dois anos depois assassinou um vereador socialista", recordou Zapatero.
O líder socialista mencionou ainda a "liberdade condicional" que o então governo conservador concedeu a 21 presos etarras e a transferência para penitenciárias do País Vasco de 43 detentos do ETA no momento em que o grupo armado mantinha como refém um agente penitenciário.
"Naquela época, transferir presos com um seqüestro em andamento era uma medida inteligente, mas agora se chama chantagem", alfinetou Zapatero, que aproveitou para lembrar que "De Juana obteve benefícios penitenciários durante o governo conservador".
De Juana Chaos cumpriu 20 anos de prisão por 25 assassinatos. Deveria ter saído da prisão em fevereiro de 2006, mas a justiça abriu outro processo por ameaças terroristas em dois artigos escritos por ele e publicados no jornal separatista Gara.
O Tribunal Supremo reduziu em fevereiro a nova sentença de mais de 12 anos de prisão para três, dos quais já havia cumprido um ano e meio. Depois de receber o benefício da prisão atenuada e ser transferido para um hospital do País Basco, De Juana suspendeu a greve de fome.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.