O gigantesco lago de Vostok, que fica debaixo de uma camada de gelo de quatro mil metros de espessura na Antártica, tem marés assim como os oceanos, segundo uma equipe internacional de cientistas que realizou medições por satélite, informou nesta terça-feira um cientista da Universidade de Dresden (leste da Alemanha).

A superfície do lago subterrâneo registra fluxos e refluxos de até dois centímetros, dependendo da situação da Terra em relação ao sol e à lua, afirmou Reinhard Dietrich, coordenador da pesquisa polar desta universidade, que incluiu cientistas alemães, russos e japoneses.

"Embora estes efeitos sejam pequenos em relação aos dos oceanos, podem ser bem medidos sobre a superfície de gelo", disse o cientista, que coordena as pesquisas polares de todas as universidades da Alemanha. "Acreditamos que as oscilações do nível das águas têm um efeito de bombeamento que as mantêm dentro deste lago, o que é vital para os microorganismos", acrescentou.

Segundo os cientistas, o lago de Vostok se encontra há milhões de anos sob a superfície gelada da Antártica, isolado da atmosfera terrestre e as variedades de microorganismos que contêm são provavelmente as mais originais do planeta.

"Em uma perfuração feita há algum tempo até 3,6 mil metros de profundidade foram encontrados microorganismos no gelo muito perto da superfície deste lago subterrâneo antártico", destacou Dietrich.

O lago de Vostok, com mil metros de profundidade, se encontra debaixo de uma camada de gelo de quatro mil metros de espessura, a mil quilômetros da costa. Com uma extensão de 250 quilômetros de comprimento por 50 de largura, o mar se assemelha à superfície do lago de Ontário (entre Canadá e os Estados Unidos).

A equipe de cientistas germano-russo-nipônica se apressa agora a recolher água e sedimentos do lago, anunciou Dietrich. Até agora os pesquisadores tinham se abstido de pegar amostras por medo de uma contaminação da água e de levar microorganismos da superfície da Terra para este local.