Para o assessor da diretoria da Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon), José Carlos Cuido, a pirataria e, principalmente, a ampliação do acesso à informática são alguns dos fatores que motivaram o crescimento das reclamações. “Boa parte do mercado está voltada atualmente para um novo público, menos informado no que se refere à tecnologia e, portanto, mais fácil de ser enganado”, afirma.

No primeiro semestre de 2001, o Procon registrou 1.849 consultas e 377 reclamações referentes a consumidores que tiveram problemas na hora de adquirir computadores e periféricos. O número de reclamações é superior ao de todo o ano 2000, quando 300 queixas foram registradas em meio a 2.087 consultas.

Alguns cuidados ao adquirir um computador, entretanto, podem evitar a compra de gato por lebre. Segundo Cuido, não se deve realizar negócios por impulso, comum em grandes feiras de tecnologia. Nesses casos, é comum adquirir uma máquina sem saber o que ela realmente oferece.

Além disso, antes de fechar o negócio é importante que o consumidor estabeleça suas necessidades. “Quem quiser um PC para jogos precisará de uma placa aceleradora e boa memória. O acesso à Internet, por sua vez, exige uma placa de fax-modem e assim por diante”, diz Adriano Rodrigues Rainho, proprietário da MicroFácil, de Santo André.

Boa parte das queixas, entretanto, diz respeito à entrega do equipamento com peças diferentes das encomendadas. Segundo Cuido, a melhor maneira de se defender é exigir que todos os dados do produto constem na nota fiscal. “Marca, capacidade e velocidade de cada peça devem ser especificadas, entre elas, processador, CD-ROM, teclado, polegadas do monitor e detalhes de todas as placas.”

Cuido também recomenda que se guarde o recorte do jornal ou o anúncio da Internet caso a compra seja feita a partir de publicidade anunciada nessas mídias. Caso possível, vale a pena também registrar o número de série do equipamento por escrito na nota fiscal, além das condições de entrega, garantia e prazo de arrependimento.

Os softwares e acessórios que acompanham a máquina também devem ser detalhados na hora da compra. “De acordo com o código 31 dos Direitos do Consumidor, o vendedor é obrigado a informar a língua em que o manual está escrito e com a qual os programas trabalham”, afirma Cuido.

Outra dica que pode evitar uma futura dor de cabeça antes de comprar um PC é checar no Procon, por meio do telefone 3824-0446, se há reclamações referentes à empresa que está vendendo o computador. Fora isso, não se deve adquirir equipamentos piratas em nenhuma hipótese.

É comum, no entanto, a compra de computadores ou periféricos de técnicos em informática que montam os equipamentos. Nesse caso, é importante checar com outros consumidores do profissional a qualidade das peças vendidas.

Caso queira recorrer ao Procon, o consumidor terá de entrar em contato com a fundação até 90 dias após a compra. Se a aquisição foi feita por telefone ou pela Internet, a lei garante a devolução do equipamento até sete dias após sua entrega ou assinatura do contrato.