Política Titulo Inovação
Santo André tem hoje R$ 2,5 bilhões em obras públicas e privadas, diz prefeito

Paulo Serra afirma que inovação é a grande vocação do município; ele também antecipa novo plano de drenagem na Vila América

Sérgio Vieira
do Diário do Grande ABC
10/04/2023 | 08:06
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André Henriques/DGABC


Prefeito, o quanto as ações administrativas implementadas em Sto.André têm sido importantes para o desenvolvimento econômico e geração de emprego?

São fundamentais. De 2017 até aqui, a cidade evoluiu muito e se transformou. Hoje Santo André retomou sua credibilidade e tem R$ 1 bilhão de obras públicas executadas e mais R$ 1,5 bilhão de investimentos da iniciativa privada na cidade. Tudo isso gera emprego, renda e uma qualidade do serviço público melhor nas mais variadas áreas, além do sentimento de solidariedade do morador, que já virou uma política pública do município. São cerca de 60 obras, de vários tamanhos.

Qual o papel da Prefeitura para atrair novos investimentos da iniciativa privada?

São três pontos. O primeiro deles é a retomada da credibilidade da cidade, que não pagava suas contas em dia e não tinha capacidade de contratação de obras. A mudança na condição fiscal voltou a fazer com que as empresas passassem a olhar para Santo André. A segunda questão foi a implementação do processo de desburocratização. Recebemos prêmios pelo nosso sistema, que é desburocratizado. Hoje o empreendedor consegue em horas seu alvará, nos casos de empreendimentos de baixa e média complexidade. E tudo isso 100% digital. Há números impressionantes, como o da construção civil, com 700% de aumento, comparado ao período pré-pandemia. Também somamos aí os incentivos tributários, para facilitar a vida do empreendedor. Há outras leis tributárias de incentivo em outras cidades, mas que na prática não funcionam. Aqui só uma grande rede teve abatimento de R$ 800 mil de IPTU por ter gerado emprego na cidade. Na prática, ela funciona para o micro, pequeno e mega empresário. O terceiro ponto diz respeito à estrutura da cidade, junto com a qualificação da mão-de-obra. Se a gente perdeu alguma competividade, lá na década de 1990, por falta de área e outras questões, hoje a gente recuperou isso oferecendo uma mão-de-obra mais capacitada, por meio dos cursos da Escola de Ouro, e reorganizando a nossa vocação.

E qual é a grande vocação de Santo André hoje?

Hoje é inovação. E a inovação nos abre grandes horizontes, como na logística. Com a recuperação da Avenida dos Estados, a gente tem visto a chegada de grandes complexos logísticos. Tem o nosso Parque Tecnológico, que desenvolveu produtos como a máscara com tecido antibacteriano, que foi tão importante durante a pandemia. E foi desenvolvido em Santo André. Isso não traz grandes plantas industriais como a gente via no passado, mas traz grande valor agregado. No Polo Petroquímico, também há produtos inovadores e tecnológicos que nascem todos os meses. A gente conseguiu reenquadrar esse novo processo de crescimento econômico na inovação, que cabe para todas as áreas, inclusive em serviços. Hoje Santo André também é um grande polo gastronômico do Estado. Qual é a cidade da Região Metropolitana, fora a Capital, que tem os serviços gastronômicos que Santo André? Pouquíssimas. Isso gera emprego, renda e um cadeia produtiva importante. Evento também é outra cadeia. É na inovação que a gente vê saída para discutir a Santo André do futuro. Proporcionalmente, Santo André sempre esteve entre as cidades que mais geraram emprego na Região Metropolitana.


Há sondagens de grupos empresarias para instalar unidades em Santo André?

Temos uma grande empresa do setor logístico, a Goodman, que acaba de adquirir a área da antiga Rhodia Química, e ali vai ser um grande complexo, e eles estão tentando fechar com uma gigante de entregas, que deve vir para cá. A gente recebeu também a Femsa Coca-Cola, grande parte do grupo Raízen, por meio das lojas da rede Oxxo, e outros grupos. E temos 18 galpões que serão inaugurados em breve pela iniciativa privada, e metade deles já está locado para outras indústrias que irão implementar seus complexos logísticos em Santo André, no eixo da Avenida dos Estados. Além disso, a Prometeon, que é antiga Pirelli, trouxe seu laboratório de tecnologia da produção de pneu usado para Santo André, além da sede, que mudou da Avenida Brigadeiro Faria Lima (na Capital) para Santo André. A Braskem, junto com o Polo Petroquímico, tem feito investimentos importantes, da ordem de R$ 500 milhões, na planta daqui, em eficiência energética. Tivemos oportunidade de regularizar por decreto, junto com a cidade de Mauá, o Polo Petroquímico do Grande ABC. Isso sem falar da construção civil e serviços, que geram muita renda.

Nesse sentido, o Complexo Viário Santa Teresinha será um divisor de água em termos de logística e mobilidade?

Ele é tão importante quanto a Perimetral para a cidade. É a maior obra viária desde a construção da Perimetral, que completou 50 anos. O nosso grande desafio foi conseguir dar vazão para o trânsito regional, que tem mais ligação com a logística e macroeconomia, com o morador da cidade. Porque o primeiro projeto privilegiava só esse trânsito de passagem e o segundo, só o trânsito local. A gente conseguiu agregar os dois. Então são três fases no Santa Teresinha. A primeira fase a gente entrega, até o fim deste ano, o Viaduto Castelo Branco recuperado. A gente vai entregar em abril do ano que vem a nova ponte, a nova rotatória, que é uma ligação quase direta com a Martins Fontes. E até o fim de 2024 a gente entrega os dois novos viadutos, que vão altear a Avenida dos Estados, que passarão em cima da rotatória, justamente para a gente poder priorizar o eixo da Prestes Maia e tirar 70% do tráfego expresso regional. É uma solução tanto para o morador, que vai poder acessar o seu bairro de forma mais rápida, quanto para a questão logística das empresas.

Falando em mobilidade, o quanto a chegada do Metrô a Santo André vai contribuir nesse processo?

Muito. Transporte público de alta capacidade contribui. Infelizmente a gente perdeu a Linha 18, e agora a região vai contar com o BRT, que é uma ferramenta importante. Mas o Metrô é muito importante para o Grande ABC. E agora a gente enxerga uma possibilidade real de a gente ter a Linha 20-Rosa, ligando a Lapa a Santo André. Isso pode representar mais uma grande transformação na cidade, que vai nos ligar a grandes eixos econômicos da Capital, como a Faria Lima. A gente vai lutar muito, e a Ana Carolina também na Assembleia, para que o Metrô saia do papel. 

Recentemente, Santo André aprovou as diretrizes para implementação do Metrô. O que isso significa?

Significa que a cidade está pronta para quando chegarem as obras. A intalação do Metrô é uma operação complexa. Todo essa impacto foi calculado, medido e aprovado. A gente entregou o projeto para a direção do Metrô. Quando a gente aprova as diretrizes, a gente está dizendo para que o Metrô que siga nessa caminho que a gente consegue implementar. O traçado, inclusive, passa embaixo da Prefeitura. As desapropriações seriam apenas para instalação da estação. O pátio de manobras vai ficar perto da atual estação Celso Daniel da CPTM.


Como está a questão do piscinão da Vila América?

A gente focou e investiu muito na questão da prevenção de chuvas. E a gente investiu também em diagnóstico. Santo André é uma das cidades que consegue prever a condição climática. A gente tem 16 estações climáticas, bueiros inteligentes, uma série de ferramentas tecnológicas na drenagem. E, com base no que a gente tem de diagnóstico hoje, o piscinão tradicional não é a única solução para o tipo de problema que a gente enfrenta na Vila América. Então a gente pediu para o banco internacional, que é a CAF, rever os projetos baseados nessas novas chuvas que a gente enfrenta. E chegamos a conclusão que iremos fazer vários armazenamentos de água de menor capacidade. Ao invés de fazer um grande piscinão, vamos fazer vários pequenos piscinões e aumentar a área de permeabilidade. Vamos apresentar esse projeto no início de maio. Estou antecipando aqui para vocês. Vai ser uma solução mais barata e mais eficiente. O morador da Vila América pode ficar tranquilo que não sairei da Prefeitura sem resolver esse problema.

O sr. deixou recentemente a presidência do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Que balanço o sr. faz do período em que esteve à frente da entidade?

Tivemos períodos desafiadores. Quando assumi a primeira gestão do Consórcio (2019), três cidades tinham saído (Diadema, São Caetano e Rio Grande da Serra) e a gente conseguiu fazer com que voltassem. Esse foi um grande desafio. E aí veio a pandemia (comandou a instituição também em 2021 e 2022). Essa gestão integrada funcionou muito e o Grande ABC foi referência no combate à Covid-19. Mostramos ao governador à época (João Doria) que em algumas decisões ele estava errado e acabamos nos torando referência. Isso eu atribuo à existência de um órgão de gestão como o Consórcio, um dos primeiros do Brasil e que não pode ser abandonado. A nova fase agora é o desafio de fazer com que venham mais recursos, que programas importantes do governo federal passem por lá. E o atual presidente (Marcelo Oliveira, prefeito de Mauá) tem desempenhado esse papel com bastante garra. Não tenho dúvida de que o Consórcio vai ser o instrumento para muitos programas e muitos investimentos importantes para o Grande ABC.

Acha possível ter o retorno de São Bernardo e São Caetano ao Consórcio?

Com certeza. É questão de tempo. A história corrige. Nenhuma decisão individual é mais importante do que uma decisão coletiva. Não tenho dúvida que essa rota será corrigida.




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