Caso você tenha ficado intrigado ou intrigada com o título deste artigo, saiba que a tese não é minha, é de Viktor Emil Frankl, psiquiatra austríaco que foi prisioneiro nos campos de concentração nazistas entre 1942 e 1945. Frankl é o fundador da logoterapia e análise existencial, escola de psicoterapia que, dentre outros objetivos, proporciona o despertar da consciência para que nos encontremos com o sentido da vida.
Bem, quero dizer que nem Frankl nem eu somos contra a busca da sensação de bem-estar, mas associá-la a uma mente sã é incorreto. O pai da logoterapia dizia: “O homem, ao invés de sossego, necessita de tensão: uma certa tensão, saudável e bem dosada! Algo como aquela tensão que ele experimenta através da exigência de um sentido da vida... Essa tensão não é psiquicamente nociva, pelo contrário”.
Com dificuldade para lidar com o sofrimento do vazio existencial o ser humano busca por atalhos que o farão reprimir ainda mais esta força mobilizadora primordial. Ele pode passar a levar uma vida voltada apenas para realização de prazeres que acaba desembocando numa neurose sexual ou transtorno obsessivo compulsivo. Outro caminho curto frequentemente percorrido é o de tentar sentir-se superior através de mais poder, desenvolvendo uma compulsão por dinheiro e conquistas materiais.
O ser humano mentalmente saudável de Frankl não se encerra em si mesmo, mas se abre para o mundo, mobilizado por aquela tensão para o cumprimento de um propósito. A falta de sentido nas demandas da vida, leva ao vazio existencial e ao adoecimento psíquico.
Isso se encaixa muito bem neste momento que vivemos, onde os índices de depressão, ansiedade e suicídio seguem aumentando, com as pessoas buscando “preencher” suas vidas nas redes sociais e mundos paralelos, afastando-se cada vez mais de si mesmas.
Toda e qualquer vida é repleta de sentido, mas nós precisamos nos desenvolver para conseguir despertar e assim ver o sentido dos acontecimentos na nossa existência. Um destes acontecimentos pode muito bem ser o trabalho, seja ele visto como missão ou não.
Com o trabalho nós temos a oportunidade de praticar valores fundamentais que promovem a realização do sentido. Os mais óbvios, quando se fala de trabalho, são os valores de criação, que se referem ao que o ser humano dá ao mundo, sob a forma de suas obras, daquilo que ele tem de melhor para agregar à sociedade. Estes e outros valores têm como foco uma palavra-chave: comunidade.
Frankl explica da seguinte maneira: “O trabalho por si só não realiza plenamente o homem, nem garante felicidade. A realização no trabalho é obtida quando a pessoa coloca toda a sua capacidade na obra que realiza em vista da comunidade”.
Wagner Rodrigues é psicoterapeuta especialista em Saúde Mental e criador do programa 4HuMan de Gestão de Saúde Mental para Empresas.
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