Notícia preocupante começou a circular ontem envolvendo uma das principais indústrias automobilísticas de São Bernardo. A Mercedes-Benz vai colocar 300 funcionários que atuam na fábrica do bairro Pauliceia em férias coletivas. Eles ficarão afastados de suas funções entre os dias 3 de abril e 2 de maio por falta de componentes eletrônicos e “adequação dos volumes de vendas do mercado de veículos comerciais”. Mas a questão parece não afetar o prefeito Orlando Morando (PSDB). O tucano está mais preocupado em negociar imóveis do patrimônio municipal, em condições especialíssimas para os compradores. As prioridades do chefe do Executivo têm incomodado a opinião pública e a classe política.
A venda das duas áreas onde está instalada a Secretaria de Educação para a empresa de Valter Patriani, negócio pelo qual a construtora terá de pagar apenas 5% de entrada, prática inusual no mercado, virou assunto preferido nas rodas de conversa do município. Enquanto todas as forças do Executivo estão sendo empregadas na política de privatização dos imóveis pertencentes à municipalidade – e, por consequência, ao cidadão –, o aumento do desemprego e a redução salarial preocupam a população. Ao menos publicamente, desconhece-se qualquer medida da administração Orlando Morando destinada a conter a desindustrialização que ameaça a qualidade de vida dos moradores da cidade.
Maior município entre os sete da região e dono do principal orçamento do Grande ABC, São Bernardo vive momento singular e complicado. A saída da fábrica da Ford, em outubro de 2019, deflagrou um processo de fuga industrial que transformou a cidade na capital do que a bíblia econômica, a revista inglesa The Economist, chamou de “cinturão de ferrugem da América do Sul”. O reflexo nas finanças municipais já é nítido, assim como a influência na geração e manutenção de postos de trabalho qualificado. Há solução, evidentemente. Mas ela certamente passa ao largo da política de venda de áreas públicas tocada com especial entusiasmo neste momento pelo prefeito Orlando Morando.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.