Essencialmente patriarcal desde a sua formação, o Brasil é, compreensivelmente, um dos países onde a mulher tem os direitos menos respeitados do mundo. A questão de gênero provoca até hoje divergências abissais nas mais diferentes áreas, desde a da segurança, onde elas são as mais agredidas, até a do emprego, onde ganham menos do que os homens mesmo exercendo cargos idênticos. Atacar e destruir os pilares que sustentam esta anacrônica visão machista e misógina são obrigações dos governantes, desde a União até as prefeituras. É preciso que atitudes concretas suplantem os discursos, embora ambos, quando associados, sejam importantes na busca por sociedade mais igualitária.
Santo André deu ontem passo fundamental para melhorar a rede de proteção às mulheres em vulnerabilidade social ao lançar o programa Mãe Andreense. O objetivo é promover acompanhamento contínuo à saúde desse público em diferentes etapas da vida, desde a primeira menstruação até a menopausa. Com a atuação das UBSs (Unidades Básicas de Saúde), a equipe municipal esquematizou ações de conscientização, cuidado e tratamento preventivo para doenças, como as sexualmente transmissíveis e diversos tipos de câncer. Também planejou serviços direcionados para grávidas e puérperas. Para enfrentar a precariedade menstrual, haverá a distribuição gratuita de absorventes.
Parabenizar e homenagear as mulheres a cada dia 8 de março, pela nobreza da luta por tratamento igualitário, é importante. Mas lançar mão de políticas públicas afirmativas para corrigir séculos de distorção construída pela cultura machista, como fez ontem a Prefeitura de Santo André, é ainda mais relevante. O combate à misoginia, que infelizmente se manifesta nos mais variados setores, exige bem mais do que palavras; necessita de ação efetiva. Que as iniciativas de fortalecimento da igualdade de gênero no Grande ABC não fiquem restritas às datas comemorativas, mas passem a servir de parâmetro para toda e qualquer tomada de decisão pelos gestores públicos. O caminho é longo.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.