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Viu a nota do Enem? Saiba o que fazer com o resultado

Prouni, Sisu e Fies são alternativas de programas que aceitam o desempenho do exame; psicóloga ensina como lidar com a pressão dos vestibulares e uma possível frustração

Beatriz Mirelle
12/02/2023 | 00:04
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André Henriques/DGABC


O dia da divulgação dos resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é ainda mais esperado do que as datas de aplicação das provas. Desde quinta-feira (9), os candidatos de todo Brasil já têm disponível o desempenho no vestibular que permite a admissão no ensino superior. Agora, precisam escolher que caminho querem seguir. Entre as possibilidades de programas oferecidos pelo governo federal, está o Sisu (Sistema de Seleção Unificada) para vagas em instituições públicas do Brasil com critério de corte baseado na nota do Enem. Já o Prouni (Programa Universidade Para Todos) oferece bolsas de estudos para instituições privadas (no valor integral ou de 50% do total da mensalidade). O Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) é para quem quer entrar na rede privada. Ele possibilita financiamento sem juros baseado na renda familiar do estudante.

Para conseguir a nota desejada, os candidatos tentam se adaptar a uma rotina intensa de estudos. Inúmeras apostilas, leituras constantes, treinamentos com as provas das edições anteriores são algumas das estratégias. Quando o objetivo é atingido, a comemoração e o alívio são instantâneos. Em contrapartida, caso o resultado não seja o almejado, algumas estratégias podem amenizar a frustração e ajudar a reorganizar os planos.

“Como já havia ingressado na USP (Universidade de São Paulo) uma vez, minha rotina de estudos no ano passado não foi muito pesada. Aproveitei toda bagagem que tinha e relembrei os conteúdos através de videoaulas disponíveis no YouTube. Também foquei muito em refazer provas antigas”, disse Bianca Baima, 21 anos, do Jardim do Estádio, em Santo André. Em 2020, ela passou em Obstetrícia na USP depois de três meses de cursinho pré-vestibular. Já em 2022, fez o Enem e pretende cursar Gestão de Políticas Públicas na USP.

No primeiro ano da pandemia, Bianca recorda que encontrou refúgio nos estudos e reforça a necessidade dos estudantes conciliarem as matérias com o descanso e lazer. “De nada adianta estudar o dia todo e não ter uma saúde mental boa. Definitivamente não vale a pena.”

“Para aquele jovem que estudou tanto e ainda não conseguiu atingir o seu sonho, esse é um momento de ter autocompaixão. Não é sempre na vida adulta que a gente consegue exatamente o que gostaríamos. Temos que lidar com a nossa frustração, mas isso não quer dizer que nunca mais vamos conseguir o que queremos”, explica a psicóloga Stephanie Iglesias, do Elite Rede de Ensino, pós-graduada em gestão e administração escolar. Para ela, sentimentos de autossabotagem e autocobrança devem dar lugar ao autocuidado neste período. 

A pressão familiar é outro tópico sensível. Por isso, Stephanie destaca a importância da intervenção da escola como uma rede de apoio.  “Existem milhões de motivos que podem interferir no resultado. Não é a falta de empenho. Durante o processo de escolha de qual caminho seguir, o aluno deve analisar o contexto em que está inserido."

Se o estudante possui oportunidade, tempo hábil e recursos financeiros para investir em mais um ano de preparação para ingressar no curso dos sonhos, esse é um cenário satisfatório. Caso não haja apoio ou dinheiro, outras opções podem ser favoráveis, como estudar por conta própria em casa. “Ele pode escolher um curso próximo ao desejado e, em paralelo, prestar novamente o vestibular.”

Enem versus Fuvest: redações possuem construções diferentes

São muitas possibilidades para entrar em um curso de ensino superior, seja na rede pública ou privada. O uso da nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é uma das formas mais frequentes, que pode garantir a adesão de programas sociais ou descontos negociados diretamente na administração da universidade. No ano passado foram 3.396.632 inscritos no exame (soma das versões impressa e digital). A redação, uma das partes que mais causa tensão, foi sobre “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. 

Na Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), da USP (Universidade de São Paulo), o número de candidatos chegou a 104.043 e o de treineiros foi de 10.389, o que totalizou 114.432 pessoas. Nela, o tema foi “Refugiados ambientais e vulnerabilidade social”.

Para Bianca Baima, a redação do Enem e a da Fuvest possuem estruturas semelhantes, mas ela considera o primeiro mais exigente pela necessidade de proposta de intervenção. “O tema costuma ser bem específico e objetivo. A Fuvest, além de apresentar assuntos mais abrangentes que podem ser explorados de maneira reflexiva ou até filosófica, pede apenas uma conclusão. Essa diferença reflete em todo encaminhamento.” 

Vitória Torres Nunes, 20, do Bairro Santa Maria, em São Caetano, tirou nota máxima na redação da Fuvest em 2022. Ela se formou no ensino médio em 2019 e foi aprovada no bacharelado em ciência e tecnologia da UFABC (Universidade Federal do ABC), mas não gostou do curso. Depois, ingressou em marketing, na Unicid (Universidade Cidade de São Paulo), e trabalhou na área. Mesmo assim, em 2022, escolheu tentar letras, na USP. 

Apesar de estar três anos “fora” dos temas dos vestibulares, encontrou outras alternativas que deram certo para se preparar para a Fuvest. “Sempre li muita notícia. Criei o hábito de ler artigos científicos. Uma coisa crucial foi as simulações que participei. São eventos de três a cinco dias com intuito totalmente pedagógico. O tipo mais comum é o que simula a ONU (Organização das Nações Unidas). É um grande teatro fidedigno à realidade. Você encarna o papel de um diplomata e defende a posição de um País diante de uma determinada questão.”

Ela e Bianca traçam as mesmas opiniões sobre as redações dos vestibulares e indicam que a Fuvest deseja explorar mais as concepções de cada candidato. “Querem ver a construção da sua própria opinião nas argumentações. Existe o assunto geral, mas tem um subtema que conecta os textos de apoio. No último, era a desigualdade entre os principais causadores dos problemas ambientais e quem sofre com isso”, pontua Vitória. “Com repertório, você consegue se sentir mais seguro para falar de qualquer tema. Essa confiança é fundamental.”




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