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Produçao 99 de laranja deve ter preço menor
Por Do Diário do Grande ABC
31/05/1999 | 16:05
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O preço da safra nova de laranja, que começa a ser colhida dentro de um mês, ainda está indefinido mas a projeçao de aumento da produçao leva o professor Evaristo Marzabal Netto, da Esalq, a prever uma queda nos valores. As previsoes da Associaçao Brasileira das Indústrias Exportadoras de Cítricos (Abecitrus) e do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura de Sao Paulo, indicam um aumento na produçao para de 381 milhoes a 388 milhoes de caixas de 40,8 quilos.

"A produçao maior do que no ano passado vai ter um impacto negativo na formaçao do preço para o produtor", disse ele. Os preços vao depender também da safra da Flórida (EUA), segundo maior estado produtor de laranja do mundo, atrás apenas do estado de Sao Paulo. "A previsao é de safra boa, mas ainda nao foram contabilizados os impactos da seca e dos focos de incêndio em pomares da Flórida", disse ele.

A seca, que reduziu o volume de chuvas e a disponibilidade de água para irrigaçao, pode causar uma reduçao no rendimento da laranja. "O volume em caixas pode ser grande, mas o rendimento em suco pode ser menor", afirmou.

Em palestra prevista para a Semana da Citricultura, Marzabal Netto falará sobre a distribuiçao da renda do setor ao longo da cadeia. "Em 1998 foi exportado US$ 1,3 bilhao em suco de laranja, que foi repartido pelas poucas indústrias processadoras brasileiras", explica o professor.

Isso, segundo ele, contrasta com os ganhos do setor produtor, que somaram cerca de US$ 1 bilhao, repartido por centenas de produtores. Isso indica, de acordo com ele, uma concentraçao da renda da citricultura no setor agroindustrial.

O presidente da Associaçao Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus) , Ademerval Garcia, participará da Semana de Citricultura fazendo palestra na quinta-feira sobre as perspectivas para a produçao e o mercado de laranja no médio e longo prazos. Para esta safra, na avaliaçao de Garcia, os preços da laranja ao produtor estarao pressionados pelos altos estoques de suco de laranja mantidos pelas indústrias.

Segundo ele, os estoques atuais sao os maiores já registrados, de 230 mil toneladas de suco, contra uma média de 130 mil toneladas a 150 mil t. Além disso, ele afirma que os financiamentos pela Antecipaçao de Contratos de Câmbio (ACC), que tinham juros mais baratos para o exportador, pois o crédito podia ser captado no exterior, foram reduzidos e ficaram mais caros depois da desvalorizaçao.

Com a menor credibilidade do Brasil no exterior, houve uma reduçao na nos financiamentos disponíveis e as taxas de juros desses financiamentos aumentaram. Os juros no merc ado interno também subiram. Segundo ele, esses juros sao hoje de cerca de 16% ao ano, encarecendo a manutençao dos estoques. "Os juros do nosso concorrente na Flórida sao de 3% ao ano", afirma.

Ele explica que em funçao desse juro, o custo da estocagem passa a ser de cerca de US$ 0,70 a caixa de laranja por ano, tendo como base US$ 1.000 por tonelada de suco. Por isso, Garcia considera que o produtor deve buscar a colocaçao de sua mercadoria no mercado interno, que pode pagar mais que a indústria.

"O problema para o produtor hoje é mais de colocaçao da mercadoria do que de preço", afirma. "O produtor está muito espremido, de um lado com o menor preço que a indústria pode pagar e, de outro, com os maiores custos da manutençao do pomar", diz Garcia.

O controle e a prevençao do cancro cítrico encareceram os custos de manutençao dos pomares, em funçao da necessidade de reestruturaçao do setor, modificando, por exemplo, os métodos de colheita.




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