As indústrias paulistas tiveram, em julho, o menor ritmo de crescimento para esse mês desde 2006, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Na comparação com junho, a produção das fabricantes teve expansão de 0,6%, sem o desconto de fatores sazonais (por exemplo, o fato de julho ser período de férias), aponta pesquisa da Fiesp. Com ajuste, a variação é ainda menor: de apenas 0,3%.
O resultado não compensa a queda observada em junho (de 1,5% com a influência da sazonalidade e de 0,4% sem esses efeitos) e também não muda o cenário de "letargia" que as empresas da área industrial apresentam, segundo o diretor do departamento de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp, Paulo Francini. No acumulado dos sete meses do ano, o índice de atividade da indústria registra alta de 2,5% frente a igual período de 2010.
A projeção da entidade é de que as fabricantes paulistas fecharão o ano com crescimento abaixo dos 2,5%. Recentemente, havia a expectativa de que o índice anual ficaria em 2,5%.
Para o assessor econômico da Fiesp André Rebelo, o programa de política industrial Brasil Maior, lançado em agosto pelo governo federal, não terá impacto imediato. A retirada da contribuição previdenciária patronal para alguns setores (calçados, têxteis e outros) só deve ser sentida a partir de dezembro e a desoneração de investimentos, só um ano depois, na sua avaliação.
Ao mesmo tempo, as sucessivas elevações dos juros e outras iniciativas do Banco Central para conter a inflação (como a alta do IOF e aumento de garantias para os bancos nos financiamentos de longo prazo) ajudaram a desacelerar o consumo, segundo especialistas. Além disso, o dólar desvalorizado frente ao real fez a importação disparar.
CONFIANÇA
Nesse cenário, caiu a confiança dos empresários paulistas em agosto. Dados da pesquisa Sensor Fiesp apontam queda de aproximadamente quatro pontos (de 47,3 em julho para 51). Foi a primeira vez, desde dezembro, que o índice ficou abaixo dos 50 (numa escala que vai de zero a 100, menos de 50 mostra desconfiança em relação ao futuro da economia). "Há tendência de redução da produção, os estoques estão elevados; o terceiro trimestre vai ser ruim", diz Rebelo.
O quadro traz motivos para preocupação, avalia o diretor da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo em São Caetano, William Pesinato. Ele assinala que o próprio governo está percebendo que a situação é preocupante e, por isso, lançou o Brasil Maior.
No entanto, o dirigente do Ciesp considera que as medidas de desoneração de encargos trabalhistas deveriam ser estendidas para outras atividades.
Para Pesinato, outra demonstração de que há motivos para se preocupar é a intenção anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que haverá corte de gastos públicos. Dessa forma, o BC não teria de elevar os juros básicos, decisão que atrai ainda mais dólares de investidores para o País, fazendo com que o real se valorize ainda mais.
PLÁSTICO E BORRACHA
Entre os setores da indústria, a produção de itens de plástico e borracha se destacou, com crescimento de 1,6% em julho frente a junho (já sem a influência sazonal). E nos primeiros sete meses do ano, o segmento registra alta de 4%.
A indústria Sulamericana, de São Bernardo e que fabrica componentes plásticos para o setor automotivo, apresenta crescimento na faixa de 8% a 12% neste ano frente ao mesmo período de 2010. A diretora comercial, Vânia Regina Costa, cita que 2011 começou "esquisito", mas depois melhorou, com muitos projetos novos sendo iniciados.
No entanto, o presidente do Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha no Estado de São Paulo, Edgar Solano afirma que, de forma geral, o crescimento do setor tem sido mais de quantidade, do que de lucratividade. Isso por causa da concorrência com os importados e pela dificuldade de repassar aumentos para a montadora. Ele afirma que o atendimento a mercados, como de petróleo e construção civil, também ajudam a impulsionar o segmento.
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