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A mesa imaginária de Oswald na Flirp
Da Redação
17/09/2022 | 15:07
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 Artigo

Oswald de Andrade, homenageado da Flirp – 1ª Feira Literária de Ribeirão Pires, além do escritor, dramaturgo, poeta, ensaísta e pensador da nossa cultura, foi um genial criador de adágios ferinos e provocadores, que se por um lado revelam a delícia de sua agudeza intelectual, por outro travam a boca pela cáustica verdade. O adagiário oswaldiano é fantástico. Frases como “a vida é uma calamidade a prestações” não poderiam ser mais adequadas para sintetizar, quase setenta anos depois de sua morte, o momento de penúria pelo qual o Brasil atravessa. Quem ousaria negar a verdade dessa frase?

Depois de uma pandemia avassaladora, as ruas nos mostram diariamente cenas pavorosas de fome, miséria, violência, injustiça e ódio desmedido. O que dizer então da semelhança entre O Rei da Vela, que desnudou aquele Brasil oligárquico de 1933, orgulhoso de seu paquidérmico leito de desigualdades, com o de hoje, igualmente desigual, talvez pior em alguns aspectos? Como fomos cair neste Estado usurário, que vislumbra em pessoas vulneráveis, financeiramente destruídas, a oportunidade de consignar empréstimos na fonte de um auxílio emergencial? Nada mais nefasto do que a perspectiva de matar a fome amordaçado por uma dívida bancária. É O Rei da Vela repaginado.

Mais popular e celebrada é “a massa ainda comerá o biscoito fino que fabrico”, emblemática de Oswald. Infelizmente ainda não chegamos neste ponto, pois, apesar de mais conhecido, Oswald ainda é pouco lido. Mais caricaturizado do que lido. É por isso que a Flirp reivindica, neste centenário da Semana de 22, a atualidade da lírica inquieta de Oswald – autor marginalizado por ter abandonado os salões e que optou por se tornar um vira-latas do modernismo. E assim ele nos deixou em 1954: endividado, doente, esquecido, traído, desprezado no panteão dos amaldiçoados. Porém, imortal e gigantesco.

Oswald nunca esqueceu o povo. Em 1944, celebrou o novo ciclo de escritores modernistas que, como Jorge Amado, traziam ao centro do romance nacional esse novo personagem – o povo brasileiro. Passados 78 anos desta conferência, eis aí um bom desafio a que se lança a Flirp: trazer para as suas fileiras o povo. Alimentá-lo de livro e libertá-lo dos grilhões de uma vida de calamidades a prestações. O livro precisa estar na mesa do brasileiro. Ser uma refeição diária e tão prazerosa como o streaming, o funk, a pisadinha, a balada, o zap e outros deleites viciantes aos quais nos entregamos sem pudor.

Neste sentido, a Flirp será uma verdadeira celebração: da literatura africana e árabe à brasileira e cordelista; da infantil à indígena; da LGBTQIA+ à representatividade feminina e tudo mais que se puder devorar culturalmente. Afinal, Oswald acreditava que só seríamos felizes sobre a terra quando toda a humanidade, num mundo redimido, comesse à mesma mesa, com a mesma fome justa satisfeita, sob o mesmo tendal de fraternidade e de democracia. Que seja o livro o alimento desta mesa generosamente imaginada por ele e a Flirp o seu banquete.

Marcílio Duarte é diretor de Patrimônio Histórico de Ribeirão Pires.

Palavra do leitor

Política
Está na hora de a população ligar o sinal de alerta para o que veem, ouvem e leem através dos meios de comunicação, principalmente em épocas de eleições. Existem órgãos públicos e privados que merecem respeito e confiabilidade, mas em contrapartida tem aqueles que continuam insistindo nas mentiras, falsidades e se equiparando ao mais baixo nível da sociedade, subestimando a inteligência do povo e de uma Nação. Acorda, Brasil.

Sergio Antonio Ambrósio
Mauá

Bicentenário
Ótimas as matérias relacionadas à Independência do Brasil (Setecidades).Gostaríamos que o Diário ampliasse o assunto, dando ênfase ao que foi esquecido, deixado de lado em 1822, ou seja, o problema causa raiz, chamado de escravidão, até hoje não esclarecido devidamente, de tantos males ocorridos. Por que seria?

José Carlos Soares de Oliveira
São Bernardo

Ano movimentado
Não bastassem as eleições gerais, para a escolha de presidente, governador, senador e deputados estaduais e federais e a Copa do Mundo do Catar, os moradores de Ribeirão Pires terão ainda de encontrar tempo para escolher o novo prefeito, dada a cassação de Clóvis Volpi, que finalmente vai ter de pôr o pijama tantas vezes anunciado (Política, dia15). Quem diria que o ano de 2022 conseguiria ser, para esta cidade do Grande ABC, ainda mais agitado?

Anselmo Brusquer
São Bernardo

Empresários
Uma descontraída troca de mensagens no WhatsApp entre seis empresários (Afrânio Nogueira, Cristiana Arcangeli, Gabriel Rocha Kenner, João Apollinário, Luciano Hang e Sebastião Bomfim), típica de roda de chope, vazou. Um deles mencionou que “preferia um golpe à Lula na Presidência”. O que aconteceu? Alexandre de Moraes, ministro do STF, soube e em nome da segurança nacional, acionou a PF para mandatos de busca e apreensão, bloqueio das contas bancárias e redes sociais, tomadas de depoimentos e quebra de sigilo bancário objetivando abrir inquérito contra os empresários, sem que, constitucionalmente, tenham foro privilegiado. Lembra? Em 2019 o cuidadoso ministro Fachin pôs por terra seis anos dos processos em Curitiba com duas condenações em três instâncias, ocorrido em jurisdição indevida. O bicondenado, envolvido na maior corrupção da face da Terra, está limpo, é candidato com real chance de voltar à Presidência – como disse Geraldo Alckmin, seu atual vice na chapa, “Lula quer voltar à cena do crime”. O cuidadoso Fachin não pode se fingir de morto, precisa acordar e, sem alarde, dar um puxão de orelhas no Moraes, mostrar a ele que conversa de botequim não se leva a sério, além de atropelar a Constituição. Será a forma de encerrar a indevida celeuma contra os empresários que, com seus impostos, pagam os salários dos ministros e são os patrões de todos os funcionários públicos. Por oportuno, Fachin, lembre ao Moraes que “errar é humano, mas permanecer no erro é burrice”.

Humberto Schuwartz Soares
Vila Velha (ES)

Paranapiacaba
É impressionante saber que muitos moradores do Grande ABC não conhecem os encantos e mistérios de Paranapiacaba e saem da nossa região em busca de pontos turísticos atrativos. A Vila Inglesa que pertence a Santo André é tão surpreendente que, conforme li na coluna de Flávio Ricco, foi escolhida para servir de locação à série Vale dos Esquecidos, produção nacional de suspense da gigantesca HBO (Setecidades, dia 14).

Sérgio Pinto
Santo André

Jornalista
MP de São Paulo abre investigação sobre ataques contra jornalista Vera Magalhães (Política, dia 15). Esse é mais um episódio lamentável, protagonizado pelos aliados do presidente, que não respeitam as nossas instituições e menos ainda a liberdade de imprensa. Medíocres que são, propagam o ódio. 

Paulo Panossian
São Carlos (SP)




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