Economia Titulo Contratempo
Eleições podem frear geração de empregos e enfraquecer moeda

Especialistas entrevistados pelo Diário alertam que desconfiança dos investidores pode durar até nomeação de cargos do próximo governo

Por Beatriz Mirelle
Do Diário do Grande ABC
27/08/2022 | 08:42
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Nario Barbosa 04/11/2020


As propagandas eleitorais já estão liberadas e a corrida para virar votos começou. Em menos de dois meses, os eleitores decidirão quem governará o País pelos próximos quatro anos, além de votar para governadores, senadores e deputados federais, estaduais e distritais. Especialistas entrevistados pelo alegam que esse cenário interfere na geração de empregos, diminui investimentos e tende a alterar a valorização do câmbio. 

O primeiro turno será em 2 de outubro. Caso necessário, o segundo está marcado para 30 de outubro. A desconfiança do mercado poderá permanecer até depois dos resultados na urna.

“A palavra-chave do período eleitoral é incerteza. Em um período tão polarizado e disputado como esse, temos indefinições de quem será o vencedor e quais serão suas decisões”, pontua o economista Fábio Terra, professor na UFABC (Universidade Federal do ABC) e pós-doutor pela Universidade de Cambridge no Reino Unido.

A incerteza faz com que os empresários e investidores esperem, reduzindo, assim, a dinâmica econômica. “Eles seguram o dinheiro. Esse contexto pode durar até o segundo turno, se houver, e continuar até o momento que forem definidos os cargos-chave da economia, como Ministério da Fazenda, Ministério da Economia, Secretaria do Tesouro Nacional e Secretaria de Política Econômica.” 

Rodrigo Leite, professor de Finanças e Controle Gerencial do COPPEAD/UFRJ (Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro), reforça que há um compasso de espera para investimentos de curto e longo prazo. “A participação em debates ajuda os detentores de capitais a terem uma ideia do que esperar dos candidatos para o próximo governo”, comenta.

Para os especialistas, os efeitos deste momento dependem de como o mercado interpretará a corrida eleitoral, podendo esfriar a inflação (ação desinflacionária). “Se percebem muitos gastos ou sinais de futuras dívidas no país, os empresários tendem a recuar”, explica Rodrigo Leite.

EMPREGO E INFLAÇÃO

De acordo com Terra, é necessário olhar para além de um recorte ao se referir a deflação de 0,73% nas primeiras semanas de agosto e o recuo na taxa de desemprego do país. “Estamos sedentos por notícias boas, só que não podemos olhar apenas um número. As deflações de julho e começo de agosto foram causadas pelo corte no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) somado à redução do preço internacional do petróleo. Essa queda não deve permanecer.” Em contrapartida, no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação teve alta de 10,07% em julho.

"O número de desocupados diminuiu (para 9,3% no trimestre que encerrou em junho)</CF>, mas a informalidade está aumentando em relação ao emprego formal. Os brasileiros estão vivendo como podem. Essa redução não significa uma mudança qualificada ou estrutural do mercado de trabalho. É uma melhora precarizada”, diz Terra. 




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